Pancreatite aguda necro-hemorrágica: apresentação grave em primeiro episódio – Relato de caso
Nos últimos anos, a incidência de pancreatite aguda tem aumentado significativamente. A apresentação mais grave desta patologia - necro-hemorrágica -, presente em cerca de 15 a 20% dos casos de pancreatite aguda, vem sofrendo declínio na sua taxa de mortalidade devido à melhora do manejo clínico.
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Como trata-se de relato de caso, a descrição está substituindo métodos
R.M.S.G., 48 anos, sexo feminino, natural e residente de Pelotas, profissão do lar, chegou ao pronto socorro de Pelotas (PSP) com queixa de dor abdominal difusa, principalmente em andar superior, em faixa, de forte intensidade, associada à náusea e vômitos há 2 semanas, com piora progressiva do quadro. No primeiro atendimento, ao exame físico, encontrava-se hemodinamicamente estável, abdômen distendido com presença de hematoma periumbilical. Os exames laboratoriais iniciais constataram valor de amilase de 1595 U/L com marcadores de função hepática elevados e, associado ao quadro clínico, confirmou-se o diagnóstico de pancreatite aguda. À investigação, foi realizado ultrassom abdominal total demonstrando presença de múltiplos pequenos cálculos biliares e pâncreas de dimensões aumentadas; tomografia de abdome compatível com pancreatite grau E de Balthazar. Tratamento foi realizado com reposição volêmica, analgesia, dieta restritiva após o 5o dia, antibioticoterapia devido suspeita de sepse, evoluindo com duas agudizações e formação de pseudocisto. Foi realizada colecistectomia aberta com colangiografia intraoperatória após estabilização e a complicação clínica acompanhada ambulatorialmente após alta hospitalar, sem perda de função pancreática.
A pancreatite aguda necro-hemorrágica necessita de diagnóstico, classificação e avaliação prognóstica precoces. Não existem fatores de risco que favoreçam especificamente o desenvolvimento desse subtipo da patologia. Desta, cerca de 40 a 48% dos casos são causados por colelitíase. Nesse caso clínico, os exames laboratoriais e de imagem auxiliaram a conduzir ao melhor manejo, baseado em ressuscitação volêmica, dieta adequada, antibioticoterapia nos casos de suspeita de infecção disseminada, prevenção de recidivas (colecistectomia) e tratamento das complicações. A paciente evoluiu com bom prognóstico, porém permanece com chances de desenvolver recidivas e pancreatite crônica. Novos estudos e trabalhos científicos poderão auxiliar na discussão dessa problemática.
Pancreatite; Necro-hemorrágica; Colelitíase;
Clínica Médica
Universidade Católica de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil
Kamal Mohammad Kamal Mansour, Leonardo Jaeger Bellinaso, Mateus Luís Riedi, Mateus Mamman Vargas, Guilherme Linn Prompt