Tromboembolismo Pulmonar após transplante hepático: relato de caso
O tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma temida complicação de cirurgias, principalmente as de grande porte, sendo apontado como grande fator de morbi-mortalidade no Peri e pós-operatório de Transplante Hepático.
Relatar caso de TEP ocorrido vinte dias após transplante hepático e seus desdobramentos.
Paciente NSF, 66 anos, sexo feminino, com cirrose hepática por Vírus da Hepatite C, MELD 24, submetida a transplante hepático, sem intercorrências no intra e no pós-operatório imediado. Vinte dias após o procedimento, procurou o hospital em franca insuficiência respiratória aguda e choque circulatório, necessitando de intubação orotraqueal e aminas vasoativas em doses elevadas. Ao exame físico, apresentava-se taquidispneica (32 irpm), SpO2 57% em ar ambiente, taquicárdica (111 bpm), com murmúrio vesicular reduzido em terço médio e inferior de hemitórax direito e empastamento de panturrilha esquerda. Gasometria arterial com hipoxemia grave. Realizada angio-TC de tórax, que evidenciou TEP maciço bilateral. Foram realizadas medidas de suporte clínico e optou-se por trombólise com Alteplase 100mg em 2 horas de infusão e anti-coagulação plena com heparina não-fracionada. Paciente evoluiu com boa resposta ao tratamento, com desmame de prótese ventilatória e aminas dois dias após admissão, recebendo alta hospitalar após nove dias em bom estado geral, com anticoagulação oral, seguindo acompanhamento clínico ambulatorial.
Imagem angio-TC
No transplante hepático, muitos fatores inerentes ao procedimento contribuem para a persistência ou desenvolvimento do estado de hipercoagulabilidade. Há evidências de que a terapia trombolítica, apesar do aumento do risco de hemorragia, reduz a mortalidade em pacientes com choque resultante da embolia pulmonar maciça, apresentando maior sobrevida em relação à embolectomia e heparina. Ademais, a trombólise permite rápido início de efeito e capacidade de dissolver coágulos que se formam em diferentes locais anatômicos. A escolha terapêutica envolvia, ainda, a consideração sobre contra-indicação absoluta de uso de trombolíticos em pacientes com cirurgia de grande porte nas últimas 3 semanas. Baseados em tais dados e no quadro de instabilidade hemodinâmica da paciente, optamos pela trombólise considerando riscos e benefícios envolvidos. O desfecho do caso corrobora com a indicação da terapia trombolítica nesta situação e reforça a importância do tratamento individualizado, de acordo com a condição clínica e particularidades de cada paciente.
Tromboembolismo, transplante hepático, trombolíticos.
Clínica Médica
Larissa Garcia Guerino, Rafael Fernandes, Karoline Sieracki Rede, Fernando Santiago Montenegro, Anderson Brito de Azevedo Silva