Encefalite Autoimune por Anticorpos Anti-Ampar: Um Relato de Caso
A encefalite límbica autoimune (ELA) é uma condição clínica que, muitas vezes, manifesta-se com alterações neuropsiquiátricas. Devido à diversidade de sintomas na apresentação clínica, o diagnóstico se torna um desafio para o médico. Sua fisiopatologia é explicada pela presença de anticorpos contra antígenos intracelulares e contra a membrana, frequentemente, associado a síndrome paraneoplásica (SP).
Apresentar uma manifestação clínica pouco frequente, ligada a uma SP e que possui boa resposta à imunoterapia.
Paciente, 67 anos, sexo feminino, admitida na enfermaria da clínica médica com queixa de confusão mental e sonolência. Referia cefaleia de forte intensidade em região fronto-occipital com duração de poucos minutos, tendo apresentado, também, vertigem e dificuldade para deambular há 1 ano. Ela evoluiu acamada, deambulando apenas com apoio e persistindo com vertigem e cefaleia. No quinto dia de evolução, houve episódios de amnésia anterógrada e discurso lentificado. Ela foi então encaminhada ao hospital de referência, que na internação revelou um sódio de 110 mEq/L. A paciente possuía carga tabágica de 45 maços/ano, o que motivou iniciar a investigação e tratamento para hiponatremia. Após reposição do sódio, a paciente passou a apresentar quadro abrupto de agitação, insônia, desorientação e agressividade. A ressonância magnética de crânio, eletroencefalograma e a análise do líquor não evidenciaram alterações.
Foi realizada uma tomografia computadorizada (TC) de tórax que revelou um nódulo pulmonar, sendo feita uma biópsia percutânea guiada por TC, cujo o resultado não revelou evidências de malignidade. Após esse laudo, foi realizada biópsia cirúrgica de segmentectomia com retirada de linfonodo mediastinal ipsilateral, sendo o resultado compatível com neoplasia de pequenas células de pulmão (NPCP). Se decidiu iniciar pulsoterapia com metilprednisolona por suspeita de ELA, tendo apresentado resposta parcial. Por conta disso, se optou por iniciar imunoglobulina complementar e a paciente evoluiu com melhora clínica. O resultado da pesquisa de anticorpos onconeurais no líquor revelou o anticorpo de superfície anti-AMPAR positivo.
Podemos concluir que a manifestação da encefalite autoimune é bastante diversificada, tendo um grande número de diagnósticos diferenciais. Além disso, podemos apresentar uma condição rara, onde a encefalite é secundária a NPCP ligada ao anti-AMPAR, cuja a resposta à imunoterapia é boa.
Encefalite Límbica Autoimune, Síndrome Paraneoplásica, Neoplasia de Pequenas Células de Pulmão.
Clínica Médica
Hospital Geral de Fortaleza - Ceará - Brasil, Universidade de Fortaleza - Ceará - Brasil
Maycon Fellipe da Ponte, Luiz David Salles Brito, Gabriel Lopes Ponte Prado, Jannaina de Freitas Jorge, Lucas Silvestre Mendes