Demanda e necessidade de disponibilidade médica conforme a classificação de risco em Unidade de Pronto Atendimento
O planejamento da força de trabalho em saúde tem sido um dos grandes desafios para a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) (CARVALHO, SANTOS, CAMPOS, 2013). No contexto da rede de urgência e emergência, há escassez de estudos que descrevem como o tempo é utilizado pelos profissionais médicos e de que forma a demanda se distribui.
O presente estudo objetiva avaliar o tempo de atendimento médico segundo a classificação de risco da população atendida em uma Unidade de Pronto Atendimento
Foi realizado um estudo retrospectivo, no período de janeiro a junho de 2016, em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) porte 3, localizada na zona sul de São Paulo, considerando a demanda para Clínica Médica e o tempo de atendimento por classificação de risco conforme o Sistema Manchester.
Foram analisadas 10.926 consultas médicas, o volume diário de atendimentos na Clínica Médica foi de 275, esta demanda ocorre fundamentalmente na manhã, com um pico entre 10 e 11 horas. Pacientes com classificações de risco de menor prioridade se concentram também nesse período.
A distribuição por classificação de risco foi: Branco, 1,81%; Azul, 4,34%; Verde, 53,35%; Amarelo, 26,2%; Laranja, 14,05% e Vermelho, 0,43%.
A duração da avaliação inicial variou de 6,9 a 45 minutos (min), sendo o tempo total para atendimento de um paciente padrão: Branco, 17min; Azul, 11min, Verde, 12min; Amarelo, 12min, Laranja, 13min, Vermelho, 48min. Os pacientes Laranja apresentaram maior taxa de reavaliação, 45%, porém, os Brancos exigiram reavaliações mais longas, 12 minutos.
Consultas longas são frequentemente associadas à qualidade do cuidado porém, estudos mostram que não há associação com a satisfação do paciente e nem com a prescrição medicamentosa, encaminhamentos ou solicitação de exames.
Os resultados encontrados são semelhantes a pesquisas em atenção primária de países da Europa, cujo tempo médio de consulta variou entre 7,6 min a 15,6 minutos.
Não existem normativas que estabeleçam de forma precisa a duração mínima ou máxima da consulta médica. Entretanto, este estudo mostra que são necessárias avaliações mais abrangentes para dimensionar a força de trabalho necessária para atender a demanda em unidades de pronto atendimento.
Os resultados obtidos auxiliam na compreensão do emprego da força de trabalho e podem embasar na tomada de decisão para o dimensionamento de equipes, compondo na busca por soluções para as filas de espera nos serviços de urgência e emergência.
Recursos humanos em saúde; Políticas, planejamento e administração em saúde; Carga de trabalho, Centros de Atendimento de Urgência, Sistema Único de Saúde (SUS)
Clínica Médica
Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil
Claudia de Cassia Tanoue Hasegawa, Cheila Portela Silva, Fernanda Ferreira Medeiros, Cassiano Ricardo Martins Garcia, Wilerson Andresy Faria