APENDAGITE EPIPLÓICA: RELATO DE CASO
A apendagite epiplóica (AE) é uma condição rara, benigna e autolimitada, que deve ser considerada no diagnóstico diferencial da dor abdominal aguda. Decorre do infarto isquêmico de um apêndice epiplóico, causado por torção ou trombose espontânea da veia que o drena, tendo como principal sintoma dor em fossa ilíaca esquerda (FIE).
Relatar um caso de AE com evolução atípica.
Estudo descritivo tipo relato de caso.
A.F.O.G, feminino, 32 anos, buscou atendimento médico com queixa de dor abdominal intensa, em quadrante inferior esquerdo, há 2 dias. Foram solicitados exames, que revelou leucocitose com neutrofilia, e Tomografia Computadorizada (TC) de abdome, que evidenciou discreta densificação dos planos adiposos adjacentes a segmento do cólon descendente, inespecífica, sugerindo AE incipiente. Foi submetida a tratamento com antiinflamatório por 5 dias, e apresentou melhora parcial da dor. Após término do tratamento, retornou ao hospital com piora do quadro álgico.Ao exame físico apresentava-se com fácies de dor, abdome pouco distendido e doloroso à palpação superficial e profunda em FIE, com sinal de Blumberg negativo. Diante disso, foi realizada internação hospitalar para terapia endovenosa (EV). À admissão apresentou PCR elevada e hemograma com manutenção da leucocitose com neutrofilia. Nova TC com contraste evidenciou pequena área ovalada, com densidade semelhante à da gordura, medindo 19,7x8,1mm, associada ao borramento de planos gordurosos adjacentes, junto à parede lateral do cólon descendente, compatível com AE. Foi submetida à antibioticoterapia EV, com evolução favorável.
A AE acomete principalmente indivíduos entre 20 e 50 anos. A queixa mais comum é a dor abdominal, inespecífica, em FIE, assim como apresentado no caso relatado. O diagnóstico baseia-se em achados de TC associados à clínica do paciente. A importância do diagnóstico da AE se dá pelo diagnóstico diferencial com outras enfermidades, tais como apendicite, diverticulite e colecistite, uma vez que pode evitar intervenções cirúrgicas desnecessárias. Tendo em vista que o tratamento é prioritariamente conservador e ambulatorial, com analgésicos e antiinflamatórios, o caso em questão apresentou como particularidade a piora do quadro de dor após término de tratamento domiciliar, sendo necessária internação hospitalar para administração de antibioticoterapia endovenosa associada ao uso de antiinflamatórios, com resolução do quadro.
Palavras-Chave: Apendicite epiplóica; apendagite; abdome agudo.
Clínica Médica
Universidade Potiguar - Rio Grande do Norte - Brasil
Isa Maryana Araújo Bezerra de Macedo, Ana Flávia de Oliveira Galvão, Allan Malheiros Stoltemberg, Mara Juliane Silva Jovino, Juliano Silveira de Araújo