14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Pan-hipopituitarismo secundário a traumatismo cranioencefálico grave: relato de caso

Fundamentação/Introdução

O traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma das principais causas de morbimortalidade entre os adultos jovens. O hipopituitarismo pós traumático é uma complicação observada em aproximadamente 40% dos TCE, se apresentando como deficiência isolada ou completa de hormônios hipofisários no contexto agudo do trauma ou a qualquer momento posterior e que comumente é sub-diagnosticada.

Objetivos

Relatar um caso clínico de pan-hipopituitarismo secundário a TCE e a sua condução médica

Delineamento/Métodos

Masculino, 19 anos, previamente hígido, admitido em hospital referência de trauma após acidente de motocicleta em março/2016. Na avaliação inicial tinha escala de coma de Glasgow 14, sem déficits neurológicos focais. Tomografia computadorizada de crânio: hemorragia subaracnóide traumática difusa com cisternas de base apagadas, fratura de órbita e seios etmoidal e maxilar com pneumoencéfalo e lesão axonal difusa. Paciente evoluiu com dispnéia e dessaturação, foi intubado e realizado monitorização de pressão intra-craniana. Sem hipertensão intra-craniana, apresentou durante a internação poliúria e hipernatremia, que foi atribuída a mobilização de excesso de líquidos e controlado com uso de desmopressina. Recebeu alta hospitalar após 31 dias de internação com natremia normal e relato de hipotensão ortostática, sem outras queixas.

Resultados

Aproximadamente 1 mês após a alta, paciente retornou ao hospital com quadro de fadiga, dor abdominal, vômitos, anorexia, poliúria e polidipsia com 15 dias de evolução. Apresentou hipoglicemia frequente durante a internação, sem sintomas neuroglicopênicos, e hipernatremia. Aventada a hipótese de insuficiência adrenal e diabetes insipidus central, foram dosados TSH (0,017mU/L), T4 livre (0,75ng/dl), ACTH (1,0pg/ml), cortisol matinal (0,4mcg/dl), prolactina (0,25ng/ml), FSH (0,2mUI/mL), LH ( 0,2mUI/mL), confirmando o quadro de pan-hipopiruitarismo. Iniciado tratamento com hidrocortisona (posteriormente substituído para prednisona), levotiroxina e desmopressina. O paciente apresentou melhora do apetite e do quadro de dor abdominal, redução do débito urinário e correção do sódio e da glicemia, recebendo alta para acompanhamento ambulatorial.

Conclusões/Considerações finais

O hipopituitarismo é uma complicação frequente entre os sobreviventes de TCE podendo ocorrer até décadas após o trauma. Avaliação clínica detalhada e acompanhamento do paciente é importante para detectar a ocorrência dessa condição que é associada a elevada morbidade e cuja reposição hormonal melhora a qualidade de vida do paciente.

Palavras Chaves

panhipopituitarismo

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital João XXIII - Minas Gerais - Brasil

Autores

Rafael Alves Vidal de Lima, Amanda Marcos de Oliveira