Histoplasmose ganglionar como diagnóstico diferencial de linfoma
Histoplasmose é uma micose sistêmica de caráter oportunista, amplamente distribuída no continente americano, que passou a ter destaque com o advento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
Relatar caso de histoplasmose em paciente imunocomprometido, portador de HIV, sem aderência ao tratamento antirretroviral.
Homem de 39 anos, portador de HIV, sem tratamento antirretroviral por 3 meses, com quadro de odinofagia e perda ponderal de 16 kg em três meses. Inicialmente procurou atendimento em outra cidade, sendo medicado com associação de Amoxicilina com Clavulanato, sem melhora do quadro. No exame físico, apresentava múltiplas adenomegalias submandibulares, cervicais e supraclaviculares dolorosas, de consistência endurecida, associado a monilíase oral à oroscopia. Nos exames de admissão, apresentava anemia normocítica normocrômica. Tomografia computadorizada de pescoço evidenciou múltiplas imagens compatíveis com linfadenopatias, com área central hipodensa localizadas nos lobos superficiais das parótidas e cadeias linfonodais IA, IB, IIA, IIB, III, IV e V bilateralmente. Radiografia de tórax mostrou padrão intersticial bilateral com padrão micronodular difuso, com predomínio em lobos superiores. Com a biópsia linfonodal e análise anatomopatológica, foi confirmado o diagnóstico de histoplasmose. Realizou tratamento com Anfotericina B, 50mg/dia por 28 dias e Fluconazol 800mg/dia , evoluindo com melhora.
A histoplasmose costuma ser assintomática na maioria das vezes. Quando sintomática, caracteriza-se por infecções auto-limitadas do trato respiratório, podendo complicar para infecção pulmonar aguda. Em pacientes imunocomprometidos, a principal forma clínica é a disseminada, com disseminação do fungo para órgãos como baço, fígado, linfonodos e medula óssea, não sendo comum o envolvimento pulmonar. No entanto, em casos mais graves um padrão intersticial ou miliar pode ser encontrado em radiografias de tórax. Em pacientes com HIV, a infecção ocorre mais comumente com níveis de linfócitos T CD4 abaixo de 200 células/mm³, com progressão rápida com febre elevada, perda ponderal, linfadenopatia generalizada, lesões cutâneas e mucosas. O diagnóstico é feito com a identificação do fungo, sorologias e cultura de materiais biológicos. O tratamento de escolha nas formas disseminadas é a Anfotericina B.
Para que se modifique a evolução clínica e, conseguentemente, taxa de letalidade da doença é necessário alto grau de suspeição clínica, com realização de tratamento adequado.
histoplasmose, imunodeficiência, HIV
Clínica Médica
Hospital Santa Isabel - Santa Catarina - Brasil
Renata Della Giustina, Maurício Felippi de Sá Marchi, Franco Aguilar Salazar, Isadora de Campos Zanon, Rodrigo Duarte Perez