MIOCARDITE AGUDA FULMINANTE EM ADULTO JOVEM: RELATO DE CASO
A miocardite é a doença inflamatória do miocárdio, com alta morbimortalidade, responsável por aproximadamente 21% dos casos de miocardiopatia (MCP) dilatada no adulto jovem e até 12% dos casos de morte súbita.
Analisar diagnóstico e manejo de miocardite aguda fulminante através de relato de caso acompanhado em Centro de Terapia Intensiva, em um Hospital Geral.
KRM, homem, 32 anos, hígido. Histórico de dispneia, tosse produtiva, perda ponderal, diarreia e vômitos, iniciados há aproximadamente 15 dias. Sem melhora após antibiótico e corticoterapia domiciliar. À admissão, apresentava esforço respiratório, cardiomegalia, sobrecarga de ventrículo esquerdo (VE) e taquicardia ventricular não sustentada. Dosados marcadores de necrose miocárdica e teste para vírus da imunodeficiência humana sem alterações. Ecocardiografia transtorácica (ECOTT) demonstrou fração de ejeção de VE de 19% e hipertensão pulmonar. Evoluiu com baixo débito cardíaco, instabilidade hemodinâmica e insuficiência respiratória (Sepsis-Related Organ Failure Assessment-SOFA- dia 1= 11). Solicitados painel imunológico, sorologias virais e iniciada imunoglobulina humana, mediante hipótese de miocardite. Evoluiu com choque cardiogênico refratário (SOFA dia 2= 18) e óbito no quinto dia de internação hospitalar (SOFA dia 5= 23).
Relato de caso.
A fisiopatologia não é claramente estabelecida. Dentre as causas mais comuns se encontra a etiologia viral e a resposta imuno-mediada, que agrava a MCP. As manifestações clínicas variam de assintomático até franco choque cardiogênico e a maioria dos pacientes evolui com a eliminação do vírus, redução da resposta imune e recuperação da função ventricular. A pesquisa de sorologias virais é questionável, já que os sintomas podem iniciar-se semanas após a infecção. O ECOTT permite avaliar o tamanho das câmaras cardíacas, função sistólica e excluir outras causas de MCP (como doenças valvares). O diagnóstico final depende da análise histológica do miocárdio (mediante achado de infiltrado linfocítico e necrose celular), o que não é possível na maioria das vezes. O tratamento deve ser direcionado quando há causa específica, e genericamente feito com sintomáticos, inotrópicos, vasodilatadores e aminas nos casos de falência cardíaca. Estudos sobre o uso da imunoglobulina na MCP aguda fulminante demonstram associação desse tratamento com a melhora da função ventricular e diminuição da incidência de arritmias graves.
Miocardite aguda, miocardiopatia, imunoglobulina
Clínica Médica
Ana Carolina Batista Pacheco, Gabriela de Campos Viveiros, Lívia Caetano Vasques, Guilherme Borim Mirachi