MEDIASTINITE DESCENDENTE NECROSANTE SECUNDARIA A ANGINA DE LUDWIG: RELATO DE CASO
A angina de Ludwig (AL) consiste na infecção do espaço submandibular, geralmente secundária à infecção do 2º ou 3º molar inferior. Dentre as complicações possíveis, a Mediastinite Descendente Necrosante (MDN) configura-se uma forma rara de infecção mediastinal, cuja origem se dá no espaço submandibular, se estendendo para o parafaringeano, fáscia cervical média e mediastino. A mortalidade é alta, principalmente quando diagnosticado tardiamente e tratado inadequadamente.
Relatar o caso clínico de MDN secundário a AL.
Trata-se de um relato de caso. As informações foram adquiridas através de revisão do prontuário e revisão bibliográfica.
Paciente feminino 18 anos submetida à exodontia do 3º molar esquerdo, evoluiu com odinofagia, edema submandibular esquerdo e febre há 07 dias, sendo medicada com penicilina benzatina e amoxicilina. Evoluiu com abscesso oral, sendo internada para antibioticoterapia venosa (ceftriaxona+clindamicina). Após 48 horas, apresentou piora clínica, taquicardia, leucocitose importante (43.600/mm3, 1% bastões e 95% segmentados), sendo diagnosticada com sepse de foco oral/dentário e instituída medidas para sepse. No 5º dia, foi intubada por insuficiência respiratória. Radiografia de tórax com derrame pleural à direita, submetida à drenagem torácica com saída 1,5 litros de líquido purulento e fétido. Devido à instabilidade hemodinâmica foi iniciado drogas vasoativas. Transferida para UTI, iniciado meropenem. Tomografia de pescoço/tórax evidenciou enfisema subcutâneo na região submandibular, aumento numérico de linfonodos no nível II bilateralmente, parênquima pulmonar com consolidações focais esparsas com opacidades intersticiais. Realizado toracotomia e descorticação pulmonar, sendo evidenciado coleção em parede, empiema fase III, coleção mediastinal e lesão em membranosa por extensão infecciosa. Presença de coleção purulenta dissecando a região de transição cérvico-torácica direita. Após terapêutica, a paciente apresentou boa evolução, com melhora infecciosa e clínica, tendo alta traqueostomizada com seguimento ambulatorial e fisioterapia respiratória.
Apesar de rara, a MDN é uma complicação importante da AL. A condução do caso deve ser realizada com bastante cautela e atenção, principalmente no que tange a necessidade de hospitalização e terapêutica rápida. Dessa forma, deve-se valorizar a condição atentando para as prováveis vias de disseminação do foco infeccioso, a fim de diagnosticar precocemente as complicações.
Mediastinite. Angina de Ludwig. Sepse.
Clínica Médica
DIEGO SALVADOR MUNIZ DA SILVA, LEANDRO DE ANDRADE AZEREDO BASTOS, PAULO VISELA BACELAR AREAS, MARIA CRISTINA PEIXOTO BEM COSTA, CILMARA POLIDO GARCIA