Acidose metabólica induzida por metformina - Relato de caso
A acidose metabólica é um distúrbio do equilíbrio ácido-base definida por ph <7,40 e aumento da concentração de ácidos no líquido extracelular. É uma patologia frequente em pacientes gravemente enfermos internados em unidades de terapia intensiva, sendo o principal subtipo a acidose lática: acidemia associado a altos níveis de lactato sanguíneo. Embora a complicação seja rara em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 em uso de metformina, é de grande preocupação tal diagnóstico devido as altas taxas de mortalidade.
Relatar o caso de uma paciente com acidose metabólica induzida por metformina destacando a importância do manejo correto da patologia visando melhora do prognóstico.
Paciente AFM, feminino, 60 anos, deu entrada no pronto socorro com rebaixamento do nível de consciência e história pregressa de vômitos, fraqueza, dor em membros inferiores e redução do volume urinário. Como antecedentes pessoais tinha diabetes mellitus com complicações (neuropatia periférica), hipertensão arterial sistólica, hipotireoidismo, síndrome demencial e neoplasia de mama há 18 anos. Ao exame físico estava em mal estado geral, corada, desidratada, pressão arterial 70x36mmHg, frequência cardíaca 62 bpm, frequência respiratória 28 irpm e temperatura axilar 35 graus. Os exames laboratoriais da admissão apresentavam: ph 6,59, Pco2 39,7mmHg, saturação de O2 46,90% ao ar ambiente, lipase 126U/L, amilase 364U/L, potássio 7,2 mmol/L, lactato 171,3 mg/dL, uréia 183 mg/Dl, creatinina 4,45mg/Dl. Medidas de suporte intensivo foram realizadas sendo solicitado novos exames para elucidação diagnóstica (hipótese de descompensação diabética). Em nova gasometria arterial no mesmo dia, paciente apresentou pH 6,85, PO2 90,2mmHg, Pco2 25,6mmHg, HCO3 4,4mmol/L, saturação de O2 81%ao ar ambiente e lactato 206,4mg/dL. Paciente extremamente grave, permanecendo instável hemodinamicamente fazendo-se necessário uso de drogas vasoativas em doses elevadas, evoluindo com hipotermia, diurese reduzida, disfunção renal em hemodiálise e acidose metabólica grave refratária. Por se tratar de uma doença com mau prognóstico, o tratamento inicial consiste em rápida identificação do distúrbio eletrolítico, correção da doença de base, suporte respiratório, descontaminação sanguínea do fármaco com diálise e terapia bicarbonada. O objetivo do tratamento é a correção da acidose, diminuição das lesões celulares irreversíveis subsequentes e melhora hemodinâmica do paciente.
Relato de caso
Conclusão
acidose lática, metformina
Clínica Médica
FACERES - São Paulo - Brasil
Mariane Carriel Honório, João Victor Figueiredo, Rodolfo Valentim Aguiar Bartolomeu, Ronaldo Silva