Associação entre Alterações Isquêmicas no Eletrocardiograma e Fatores de Risco para Doença Arterial Coronariana em pacientes com Dor Torácica
A dor torácica na emergência representa grande desafio diagnóstico devido a sua multicausalidade e ao grande potencial de gravidade quando é ocasionada devido à doença arterial coronariana (DAC). A síndrome coronariana aguda (SCA) engloba um grupo de entidades que incluem infarto agudo do miocárdio (IAM) com Supradesnível do segmento ST (SST), IAM sem SST e angina instável. Essas manifestações são causas comuns de atendimentos e de admissões nos departamentos de emergências, provocando elevados índices de morbidade e mortalidade.
O objetivo desse estudo consiste em descrever as associações entre alterações isquêmicas encontradas nos ECG, dor torácica como sintoma que levou o doente ao serviço de emergência e variáveis clínicas associadas a aumento da probabilidade de DAC.
Foi realizado um estudo observacional descritivo de caráter transversal, no qual entre fevereiro e março de 2017, foram colhidos registros de 138 pacientes atendidos na emergência do Hospital Governador Flávio Ribeiro Coutinho. Apenas fichas com ECG eram selecionadas. Idade, sexo, hipertensão, diabetes e dor torácica eram as características observadas e que seriam relacionadas com os sinais de isquemia no ECG.
A idade dos pesquisados teve média de 58,21 anos, sendo 85,5% deles com 40 anos ou mais. O sexo feminino representou 68,8% da amostra. 57,2% não sabiam ser hipertensos e 39,9% o eram; 10,1% tinham diabetes. Um pouco menos da metade, 47,1%, apresentavam dor torácica e em 14,5% dos ECGs havia alterações sugestivas de isquemia. Dentre os maiores de 60 anos, 17,4% possuíam ECG com alguma alteração de isquemia, mas sem significado estatístico, p= 0,549; e nos homens o resultado do exame foi alterado em 23,3%, p= 0,049. Relativo às variáveis clínicas, entre os pacientes com dor torácica, 21,5%, p=0,027, apresentaram ECG com sinais de isquemia. Indivíduos com hipertensão, em uso de anti-hipertensivos e diabéticos apresentaram alterações eletrocardiográficas em, respectivamente, 14,5%, 16,3% e 21,5% dos casos e todos com p sem significado estatístico. Quanto à dor torácica e sua relação com idade e sexo: os maiores de 60 anos, em 47,5% das vezes, a sentiram, p=0,975; e o sexo feminino, em 47,4%, p=0,926, tinham o sintoma.
Concluímos que o sexo masculino possui a maioria dos eletrocardiogramas alterados e menos de 1/3 dos pacientes com dor torácica típica possuem ECG com sinais de isquemia.
Dor Torácica; Eletrocardiograma; Doença Arterial Coronariana
Clínica Médica
Igor Souza Pessoa da Costa, Carolinne Ribeiro Coutinho Madruga, Maria Claudia Lins Pereira, Louise Lira Bronzeado Cavalcanti, George Robson Ibiapina