14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

CALCIFICAÇÕES ENCEFÁLICAS EXTENSAS COM REPERCUSSÕES CLÍNICAS EM PACIENTE COM HIPOPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO

Fundamentação/Introdução

Calcificações encefálicas extensas (CEE), relatadas em menos de 1% das tomografias computadorizadas (TC) de crânio, podem ser familiares (síndrome de Fahr), senis, iatrogênicas ou secundárias a várias doenças, como infecciosas e metabólicas (particularmente hipoparatireoidismo). Os pacientes são normalmente assintomáticos, mas há casos que cursam com ataxia, distúrbios do movimento, alterações visuais e/ou confusão mental, como o que reportamos no presente relato.

Objetivos

Descrever um caso de hipoparatireoidismo primário com CEE à TC de crânio, cursando com manifestações incomuns, porém típicas.

Delineamento/Métodos

Relato de caso.

Resultados

M.A.A., sexo feminino, 67 anos, natural e procedente de Uberaba, negra, casada, diabética, hipertensa, dislipidêmica, tabagista e ex-etilista, encaminhada ao nosso serviço com quadro de confusão mental episódica, hiporexia, retenção urinária, alterações de equilíbrio e perda parcial da visão há cerca de dois meses. Ao exame físico, ela se apresentava em regular estado geral, afebril, mas desorientada. O ritmo cardíaco era regular, com PA de 140 x 95 mmHg e FC de 92 bpm. Exames laboratoriais mostraram hipocalcemia grave (cálcio iônico de 0,45 mmol/L). Ao exame neurológico, havia presença do sinal de Romberg e marcha atáxica, bem como dos sinais de Trousseau e Chvostek. A pesquisa de paratormônio (PTH) intacto mostrou redução de níveis séricos (3,4 pg/mL). À TC do crânio, foram vistos múltiplos focos de calcificação encefálicos, distribuídos na substância branca dos núcleos semiovais e do cerebelo, bem como na substância cinzenta dos núcleos lentiformes e do tálamo. A paciente recebeu o diagnóstico de hipoparatireoidismo primário levando a calcificações encefálicas extensas, e o quadro de ataxia e confusão mental periódica foi atribuído às calcificações. O tratamento consistiu em reposição de cálcio e calcitriol, com correção da hipocalcemia e desaparecimento dos sinais de Trousseau e Chvostek; o quadro neurológico, no entanto, persistiu.

Conclusões/Considerações finais

CEE representam um achado incomum à TC de crânio, e são decorrentes de múltiplos processos e doenças. Portadores de hipoparatireoidismo são particularmente sujeitos ao desenvolvimento de calcinose cerebral, com consequências clínicas variáveis e potencialmente limitantes. Desta forma, são fundamentais tanto a suspeita clínica quanto o tratamento precoce do hipotireoidismo, antes que alterações irreversíveis e definitivas se instalem.

Palavras Chaves

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade de Uberaba - Minas Gerais - Brasil

Autores

Giovana de Andrade Resende, Daniel Hugo Winter, Vanessa Rodrigues Cardoso, Anne Vieira Guimarães, Sergio Santos Cabral