Análise Comparativa do Perfil de Sensibilidade de Antimicrobianos em Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas
Pacientes internados em unidades de tratamento intensivo (UTI) são grupo de risco para desenvolver infecções associadas aos cuidados de saúde. A incidência desse tipo de complicação aumentou ao longo dos anos e a estimativa é de que mais de 70% dos pacientes críticos recebam antibioticoterapia. O principal grupo de patógenos com potencial de desenvolver resistência a antimicrobianos alcunhado “ESKAPE”-Enterococcus faecium (E), Staphylococcus aureus (S), Klebsiella pneumoniae (K), Acinetobacter baumannii (A), Pseudomonas aeruginosa (P)– é foco de preocupação na prática clínica.
Comparar o perfil de resistência antimicrobiana do grupo ”ESKAPE” isolados do sítio respiratório em ambiente de UTI ao longo dos anos.
Estudo retrospectivo realizado no Rio Grande do Sul, em Pelotas, na UTI do Hospital Santa Casa de Misericórdia. Os dados foram extraídos do banco de dados da Comissão de Controle da Infecção Hospitalar com enfoque nas infecções do sítio respiratório coletados por meio de exame de escarro, aspirado traqueal, aspirado brônquico e lavado bronco-alveolar. Os períodos comparados foram janeiro de 2009 a junho de 2012 (1º período) e janeiro de 2013 a dezembro de 2016 (2° período).
No período de 01/13 a 12/16, o número de investigações diagnósticas foi de 773, com o perfil E–1% (n =8); S-5% (n=37); K–9% (n=64); A-20%(n=152); P-9% (n=63); E-7% (n=52); outras bactérias 5% (n=38); sem crescimento de cultura 23% (n=171); cultura não solicitada 25% (n=188). Constatou-se perfil semelhante ao do 1º período, porém com maior número de culturas não solicitadas de 2013 a 2016. Do grupo S: não foi encontrado nenhum caso resistente à vancomicina em ambos os períodos; do grupo K, manteve-se uma sensibilidade de 80% para amicacina e queda da sensibilidade aos carbapenêmicos – imipenem no 1° período 100% e 75% no 2°; do grupo A, de modo geral, houve elevadíssimos índices de resistência, com apenas polimixina B como alternativa; dentro do grupo P, mantiveram-se em ambos os períodos a polimixina B e a gentamicina como alternativas; do grupo E, no 2° período 35% das culturas eram resistentes a polimixina B comparado a nenhuma no 1° período, e aumento da resistência a piperacilina/tazobactam de 16% para 27%.
Ao longo dos anos, houve alterações no perfil de resistência antimicrobiana de cada bactéria do grupo ESKAPE. Nesse contexto, o grande desafio do tratamento clínico é traçar um perfil bacteriano auxiliando no combate contra o aumento da resistência a múltiplas drogas.
ESKAPE; antimicrobianos; antibióticos; resistência; UTI;
Clínica Médica
Mateus De Mamann Vargas, Martina Schulz Bernardi, Sabrina de Mattos Teixeira, Larissa Konzgen Teixeira, Ricardo Bica Noal