CIRURGIA DE CORREÇÃO DE FRATURA DE FÊMUR EM UMA PACIENTE IDOSA CENTENÁRIA E TESTEMUNHA DE JEOVÁ: RELATO DE CASO
Face as novas discussões éticas e moralmente conflituosas em saúde, uma tem se mostrando como um desafio persistente a atuação médica: a não realização de transfusões sanguíneas em testemunhas de Jeová. É sob esse cenário acalorado, que o imperativo médico de salvar vidas tem vivenciado um dos seus principais tormentos.
Relatar um caso de cirurgia de correção de fratura de fêmur em paciente centenária e testemunha de Jeová.
Estudo descritivo tipo relato de caso.
G.C.S., sexo feminino, 100 anos, testemunha de Jeová. Paciente admitida na urgência ortopédica com queixa de dor em quadril direito após sofrer queda da própria altura. Ao exame apresentou dor, encurtamento e rotação externa em Membro Inferior Direito (MID). Foi solicitado RX dos membros inferiores, o qual evidenciou fratura de fêmur proximal direito. Sendo, portanto, solicitados exames pré-operatórios, internação hospitalar e profilaxia para Trombose Venosa Profunda. Nos primeiros dias de internação hospitalar (DIH), encontrava-se hemodinamicamente estável e os exames indicavam Hemoglobina (Hb) de 10,10; leucócitos de 10.600 e plaquetas de 162.000. Em virtude dos resultados, foi prescrito Ferro Endovenoso (EV), Eritropoietina Humana Recombinante e ácido fólico. No 5º DIH apresentou Hb de 9,70, leucócitos de 11.400 e plaquetas de 260.000. Procedeu a realização de osteossíntese para correção de fratura de fêmur direito com colocação de haste intramedular, com auxílio da técnica de Cell Saver, que seria um processamento sanguíneo com transmissão autologa. No 1º dia pós-operatório (DPO) apresentou Hb de 7,90, leucócitos de 10.400 e plaquetas de 273.000. No exame realizado para alta hospitalar, foi demonstrado Hb de 7,30, leucócitos de 8.200 e plaquetas de 250.000. Foi solicitado Home Care para supervisão médica, evoluindo dezoito dias após a alta com os parâmetros: Hb de 12,8, leucócitos de 6940 e Plaquetas de 310.000.
É sob o cenário da desconstrução da relação paternal entre médico e paciente que vem se lançando um olhar mais dirigido a atitude dos profissionais e autonomia pessoal, abrindo assim espaço para novas possibilidades de tratamentos. É nesse contexto que muito se tem debatido sobre a ética na condução de enfermos que recusam terapias padrão. Portanto, o avanço técnico sobre terapias alternativas, que não ferem a consciência religiosa, pode trazer novas concepções sobre o cuidado médico e importantes benefícios terapêuticos.
Fratura de fêmur; cirurgia no idoso; testemunha de Jeová.
Clínica Médica
Mara Juliane Silva Jovino, Isa Maryana Araújo Bezerra de Macedo, Matheus José Barbosa Moreira, Adriano Melo Correia, Juliano Silveira Araújo