Síndrome do Pânico e Apneia do Sono associadas às Arritmias refratárias
A incidência de fibrilação atrial (FA) vem aumentando progressivamente nas últimas décadas em todo mundo. Está relacionada ao envelhecimento da população e prevalência dos fatores de risco, como Hipertensão, Dislipidemia, Obesidade, Diabetes Mellitus e a outros fatores causais: Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), Hipertireoidismo, Alcoolismo, uso de drogas estimulantes, termogênicos e síndrome do pânico, sendo a associação desta cada vez mais evidente com arritmias cardíacas.
Relatar um caso de persistência de arritmias cardíacas associadas à Síndrome do Pânico e SAOS tratadas por ablação e anti-arrítmicos sem sucesso, que apresentaram melhora após tratamento direcionado das patologias. Revisão bibliográfica realizada por meio de levantamento em bases de dados Medline, Lilacs e SciELO.
Paciente masculino, 48 anos, portador de Síndrome do Pânico e SAOS em tratamento irregular. Apresentou palpitação de início súbito, taquicardia de 180bpm constatando-se FA com alta resposta ventricular, havendo reestabelecimento do ritmo sinusal apenas após cardioversão elétrica. Um ano após apresentou seis episódios de palpitação, súbitas com melhora espontânea, sendo diagnosticado como Fibrilação Atrial Paroxística e ectopia ventricular e prescrito a estratégia “pill-in-the-pocket’’ com Metoprolol e Fleicanida, com resolutividade dos sintomas. Os episódios permaneciam frequentes.
Realizou-se Holter 24h constatando taquicardia atrial paroxística e extrassístoles, sendo prescrito Sotalol e Ácido Acetil Salicílico. Realizado estudo eletrofisiológico que demonstrou função sinusal normal e átrios eletricamente instáveis. Avaliado por arritmologista que indicou ablação dos focos de taquicardias atriais e da FA, com sucesso parcial após procedimento. Dois anos após a ablação o paciente retorna com as mesmas arritmias. Foi otimizado tratamento para SAOS e Síndrome do Pânico com CPAP, Diltiazem, Escitalopram e mudanças de hábitos de vida, diminuindo o estresse e não fazendo mais uso de café, Coca-Cola e outros estimulantes. O tratamento das doenças de base levou à melhora clínica das arritmias.
A recorrência da FA e outras arritmias é frequente pós ablação. A síndrome do Pânico e SAOS mostraram ser intensamente arritmogênicas, sendo essencial uma investigação dessas e outras possíveis etiologias, tratando-as antes de um procedimento de alta complexidade como a ablação.
Fibrilação atrial, síndrome da apneia obstrutiva do sono, síndrome do pânico, ablação.
Clínica Médica
Murilo Luiz Louzada Brandão, Angélica Pereira de Amorim, Laura Caroline Gonzaga de Carvalho, Andressa Barcelos Costa, Joaquim Domingos Soares