14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Boerhaave: diagnóstico diferencial de dor torácica ou de abdome agudo? – Relato de Caso

Fundamentação/Introdução

A síndrome de Boerhaave é caracterizada pela ruptura espontânea do esôfago secundária ao aumento da pressão esofágica. Geralmente é relacionada a vômitos incoercíveis.

Objetivos

Destacar a importância da suspeita de ruptura de esôfago nos pacientes em investigação de abdome agudo que apresentam vômitos e evoluem de forma atípica.

Delineamento/Métodos

Descrição do caso:

Resultados

J. A., masculino, 61 anos, etilista, tabagista e hipertenso. História pregressa de nefrolitíase. Admitido com sintomas constitucionais: mal-estar, febre e vômitos. Queixava-se de diurese com odor forte e dor tipo cólica em abdome inferior, fossa ilíaca e flanco esquerdos. Negava dor torácica. Apresentava diarreia aquosa, pouco volumosa sem muco ou sangue. Realizou exames que demonstraram leucocitose com desvio, proteína C reativa elevada, gram de gota com bastonetes gram negativos e urina com nitrito negativo, 5 piócitos e 15 epitélios por campo. Foi diagnosticado com pielonefrite e tratado com Ciprofloxacino. Manteve dor abdominal e febre, sem dor torácica. Levantada hipótese de pielonefite complicada por nefrolitíase, realizou ultrassom de abdome que descartou cálculos/hidronefrose e observou apêndice cecal com tamanho no limite superior. Realizou tomografia de abdome sem alterações renais ou de apêndice cecal, com achado indireto de ar em mediastino. Foi aventada a possibilidade de Síndrome de Boerhaave. Em reavaliação, persistia a dor abdominal, sem dor torácica. Foi notada a presença de enfisema subcutâneo cervical. Tomografia de tórax com contraste oral confirmou a ruptura esofágica e pneumomediastino. O paciente foi transferido ao bloco cirúrgico, submetido a esofagoplastia e jejunostomia. Não foram descritas lesões neoplásicas ou doença esofagiana prévia. Evoluiu com boa recuperação.

Conclusões/Considerações finais

A perfuração esofágica é rara com prevalência de 3,1/milhão/ano. 15% correspondem a perfurações espontâneas. Tem alta morbidade e mortalidade, sendo fatal na ausência de tratamento.
O quadro clínico varia com o local da perfuração. Geralmente se apresenta com dor torácica aguda intensa, dispneia e enfisema subcutâneo ao exame físico. Nas perfurações baixas, os pacientes podem apresentar sintomas abdominais simulando quadros de abdome agudo.
Boerhaave é um diagnóstico diferencial de dor torácica, porém pode se apresentar de forma atípica e deve ser lembrada nos pacientes com sinais clínicos de abdome agudo que apresentam vômitos incoercíveis.

Palavras Chaves

Síndrome de Boerhaave; Ruptura de esôfago; Abdome agudo

Área

Clínica Médica

Instituições

Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

João Paulo Pereira Gonçalves, Vinícius Diniz Oliveira Xavier, Camilla Magalhães Oliveira Amaral, Mariana Vaz de Castro Silva, Bruno Garcia Peixoto Pires Silva