MIOCARDIOPATIA NÃO COMPACTADA EM GESTANTE COM LINFOMA NÃO HODGKIN: RELATO DE CASO
A miocardiopatia não compactada(MNC)é uma doença congênita rara, com falha na compactação miocárdica e persistência de trabeculações(DO NASCIMENTO, Charles Ulloffo et al;2017).Estudos para determinar a relação entre a MNC e gestação são insuficientes,bem como sua associação com Macroglobulinemia de Waldenstrom(MW),tipo de Linfoma não Hodgkin(LNH).
Descrever um quadro de MNC associado à gravidez e diagnóstico de LNH.
Paciente do sexo feminino,negra,34 anos,natural de Aracaju,SE,sem antecedentes de doenças hematológicas,neoplasias ou cardiopatias, procurou o serviço com queixa de astenia progressiva,dores no corpo,perda ponderal importante(dez quilos em um mês) e anemia.Solicitada imunoeletroforese de proteínas,constatou-se pico monoclonal em IgM Kappa, com inventário medular por imunofenotipagem e biópsia de medula óssea com Kappa+,CD19+,CD20+,CD38 e CD79b,confirmando diagnóstico de neoplasia de linfócitos B maduros. Pelo relato de achados essenciais, foi feito diagnóstico de MW,baseado nos critérios internacionais,a saber:pico monoclonal em IgM em qualquer concentração;presença de medula óssea infiltrada por pequenos linfócitos,células plasmáticas;expressão de CD 19+,CD 20+e IgM+(NCCN, 2016).Optado por esquema de primeira linha com DRC(dexametasona, rituximabe e ciclofosfamida),este último considerado agente alquilante cardiotóxico com incidência de disfunção ventricular(SBC,2011)
Em triagem pré-quimioterápica, eletrocardiograma mostrou alteração da repolarização ventricular ântero-septal, ecocardiograma demonstrou diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo(VE)de 62mm e sistólico de 38mm,fração de ejeção (FE)de 0,69 com trabeculações sugerindo não compactação e ressonância magnética confirmando MNC.Após último ciclo de terapia quimioterápica(QT),descobriu gravidez (G1P1A0), sem manifestações clínicas de insuficiência cardíaca,com classe funcional I(NewYorkHeart Association).Durante a gestação,foi observada plaquetopenia leve e flutuante sem pico monoclonal,descartando recidiva de MW.Atualmente, a paciente faz uso de b-bloqueador e antiagregante plaquetário e recebeu alta da cardiologia com seguimento no ambulatório da hematologia.
Visto que a associação de MNC,LNH e gestação é um evento raro na literatura,as informações concernentes ao relato são importantes para novos estudos que surgirão.No presente caso, a paciente apresentou boa evolução clínica na gestação e permaneceu assintomática,apesar da exposição anterior a tratamento QT e diagnóstico de MNC.
MIOCARDIOPATIA NÃO COMPACTADA. GESTAÇÃO. LINFOMA NÃO HODGKIN.
Clínica Médica
Violeta Santos Silva Leite Neta, Andrezza Milet Alves , Sheyla Cristina Tonheiro Ferro da Silva, Caroline de Souza Costa Araújo, Bruna Quaranta Bairral Lessa