Perfil epidemiológico da Sífilis Congênita no Estado do Tocantins, Brasil – 2006 a 2015
A sífilis congênita (SC) é uma doença causada pelo Treponema pallidum e transmitida via transplacentária da gestante infectada e não tratada para o recém-nascido. Além disso, pode ocorrer em qualquer fase da gravidez. Essa moléstia apresenta-se ainda como um evento sentinela do monitoramento da qualidade da saúde básica de uma população estudada.
Descrever a ocorrência de novos casos de SC registrados em todos os munícipios do Estado do Tocantins considerando-se o perfil epidemiológico de sua morbimortalidade e destacando seu papel como indicador de qualidade da assistência pré-natal.
Estudo seccional com abordagem quantitativa de todos os novos casos residentes do Estado do Tocantins e notificados pelo Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) para o período de 2006 a 2015.
Dos 654 casos elegíveis para o estudo, encontrou-se uma taxa anual média de incidência de 2,61 novos casos por 1000 nascidos vivos entre 2006 - 2015, o que representa mais de cinco vezes a meta estabelecida pela “Iniciativa de Eliminação” da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Nos períodos 2011 a 2015, foram registrados 403 novos casos, configurando um aumento de 63,81% em comparação aos cinco primeiros anos do estudo. O número de óbitos de todo o período analisado foi de 2 casos, o que reflete uma taxa de mortalidade de 0,3%.
A SC vem apresentando um aumento exponencial de sua incidência desde 2010, ano em que sua notificação se tornou obrigatória pelo Ministério da Saúde. Tal fato pode ser explicado pela obrigatoriedade da notificação, subnotificação, não uso do preservativo e dificuldade - também crescente - do acesso ao tratamento convencional: a Penicilina G Benzatina. A baixa taxa de mortalidade verificada nesse estudo, contudo, não minimiza os problemas sociais e as consequências advindas do contágio como: pneumonia, cegueira e até mesmo o óbito. Dessa forma, a melhoria da qualidade da atenção pré-natal e a disponibilidade do tratamento ainda continuam sendo as formas mais eficazes de controle dessa doença.
Sífilis congênita; epidemiologia; vigilância.
Clínica Médica
Universidade Federal do Tocantins - Tocantins - Brasil
Jefferson Luis Santos Botelho, Dulce Mourthé Starling Pinheiro, Mário Augusto Silva Pereira, Guilhermes Henrique Cavalcante, Pedro Manuel Gonzales Cuellar