EMBOLIA SÉPTICA GERANDO OCLUSÃO ARTERIAL PERIFÉRICA AGUDA E ISQUEMIA CEREBRAL: RELATO DE CASO
Embolia séptica abrange uma ampla gama de apresentações clínicas, que vão desde achados incidentais até eventos cardiovasculares ou cerebrais devastadores. Os êmbolos sépticos representam duas formas de lesão: a venosa ou arterial isquêmica precoce, devido a oclusão vascular, e a resultante do processo infeccioso e inflamatório de um foco profundamente assentado. Algumas manifestações clínicas da embolia séptica cerebral incluem acidente vascular cerebral isquêmico, hemorragia, abscesso e aneurismas micóticos. Essas complicações frequentemente ocorrem dentro dos primeiros dias de internação e têm impacto negativo nos prognósticos dos pacientes.
Relatar um caso raro de embolia séptica periférica e cerebral devido a pielonefrite complicada e evidenciar a importância do seu diagnóstico precoce.
Relato de caso qualitativo e retrospectivo, elaborado por revisão do prontuário de paciente atendida em hospital de alta complexidade de Maringá, considerando preceitos bioéticos de sigilo médico e autorização da paciente.
Paciente feminina, 36 anos, internada devido a sepse de foco urinário decorrente de pielonefrite por litíase renal. Evoluiu com obstrução e necrose distal de membros inferiores, por formação de êmbolo séptico, necessitando de amputação transtibial bilateral. Cinco dias após internação apresentava mau estado geral, hipertensão, taquicardia, saturação de 82% de oxigênio, inconsciente, arresponsiva, sem reflexos pupilares, descorada, desidratada e taquidispneica. Após resultado de hemocultura positiva para Staphylococcus haemolyticus foi iniciada terapia com Vancomicina e Meropenem. Ao exame tomográfico de crânio foi evidenciado isquemia subaguda occipital, em artéria cerebral média, com risco de evoluir para abscesso cerebral e transformação hemorrágica aguda. Dessa forma, não se prescreveu anticoagulantes ou antiagregantes. Após uma semana da antibioticoterapia estava afebril, respondia a solicitações verbais, apresentou melhora clínica, porém com creatinina de 3,2mg/dl e baixa diurese. Assim, paciente recebeu alta e indicação para diálises periódicas.
Devido à raridade das lesões arteriais e às apresentações clínicas não específicas associadas a embolização infecciosa, é extremamente importante manter um alto índice de suspeita desse diagnóstico quando se identificam infecções potenciais de estruturas arteriais.
Clínica Médica
UniCesumar - Paraná - Brasil
Marjorie Pavese Ferreira, Marcio Ronaldo Gonçalves Silva, Mateus Ribeiro Kanamura, Tais Tovani Sanches, Thamilyn Yoshizaki Saruwatari