Hipertiroidismo pós tiroidectomia subtotal por microcarcinoma papilífero
O hipertiroidismo é uma síndrome clínica que resulta do aumento da função da glândula tireoide acarretando tireotoxicose. O principal fator causal de hipertiroidismo é doença de Graves, de natureza auto-imune. Na fase ativa da doença, concentrações elevadas de TRAB (anticorpo antirreceptor de TSH) podem ser observadas em cerca de 99% dos pacientes afetados, sendo ele o marcador patognomônico da Doença de Graves. Esta patologia predomina cerca de 10 vezes mais em mulheres do que em homens.
Descrever um caso de desenvolvimento de hipertiroidismo pós tiroidectomia subtotal após sete anos de cirurgia sem história de disfunção hormonal prévia.
Trata-se de um estudo observacional do tipo relato de caso, desenvolvido a partir da observação clínica e revisão de prontuário.
Paciente de 45 anos, sexo feminino, foi submetida à tiroidectomia subtotal há 07 anos com diagnóstico histopatológico de Microcarcinoma Papilífero associado a tiroidite linfocítica. Evolução pós operatória com hipotiroidismo em uso de levotiroxina 50mcg/ dia por 07 anos, quando desenvolveu quadro clínico de taquicardia, sudorese, emagrecimento, insônia, bócio e exoftalmia unilateral esquerda com exames laboratoriais (pós retirada da levotiroxina): TSH< 0,011 mIU/L; T4Livre> 7,8ng/dL e TRAB 125,9 UI/ L (positivo), compatíveis com Doença de Graves. Iniciado tapazol e propranolol. Após 15 meses de tratamento clínico, não houve remissão da doença, desta forma, foi indicado Radioiodoterapia. No momento paciente encontra-se eutireoidiana com reposição de levotiroxina.
Nossa paciente apresentava altos títulos de TRAB, os quais ativam complexos de sinalização das proteínas Gsα e Gq, o que resultou em crescimento do tecido tiroidiano restante (pós cirúrgico) assim como aumento da taxa de produção e secreção de hormônios tiroidianos. De acordo com a literatura não há relação do microcarcinoma papilífero com hipertiroidismo, isto foi apenas um achado. Quanto a opção para o tratamento definitivo com Radioiodoterapia, observamos que nossa paciente apresentava vários fatores relacionados a ausência de remissão da doença com tratamento clínico como altos níveis de TRAB, tamanho do bócio elevado e hipoecogenicidade na glândula com aumento de fluxo sanguíneo identificado pela ultrassonografia. O tratamento com radioiodo é considerado um recurso seguro, tem sido cada vez mais utilizado no Brasil, pois é efetuado em nível ambulatorial com melhor custo-benefício.
Hipertireoidismo; Auto-imunidade; Tireoidectomia subtotal
Clínica Médica
UFRJ/ Campus Macaé - Rio de Janeiro - Brasil
Victor Caires Tadeu, Karina Schiavoni Scandelai Cardoso, Liza Pereira Negreiros