NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA DESENCADEADA POR INIBIDOR DE BOMBA DE PRÓTONS
Introdução: Nefrite Túbulo-intersticial Aguda (NIA) acomete até 15% dos pacientes hospitalizados por Injúria renal aguda. As principais causas de NIA são medicamentosas, infecciosas e doenças autoimunes. Cerca de 70 a 75% dos casos são induzidos por drogas e os inibidores de bomba de prótons (IBP) são responsáveis por aproximadamente 7% destes casos. A NIA compreende manifestações tanto locais como sistêmicas de inflamação renal aguda e difusa. Os sinais/sintomas variam de inespecíficos a necessidade de hemodiálise.
Objetivo: relatar o caso de paciente com NIA pelo uso de IBP, uma complicação potencialmente grave desencadeada por um medicamento comumente utilizado pela população.
Descrição do caso: L.M.P, sexo feminino, 56 anos, portadora de Diabetes Mellitus II, Hipotireoidismo, Pangastrite Erosiva Moderada e Transtorno Depressivo. Em uso regular de Pantoprazol, Sitagliptina/Metformina, Levotiroxina, Citalopram, Alprazolam e Trazodona. Admitida com queixa de mal estar geral e urina espumosa iniciados há duas semanas com piora progressiva. Exames iniciais evidenciaram função renal alterada (Cr 5,26mg/dl), hemoglobinúria, proteinúria (830mg/24h) e cilindros granulosos (04/campo). Pesquisa laboratorial descartou causas autoimunes ou infecciosas. Exames laboratoriais prévios comprovaram função renal preservada dois meses antes da internação (Cr 0,95mg/dl).
Dentre os medicamentos de uso habitual, apenas o Pantoprazol era de inicio mais recente e em dose não usual (80mg 12/12h) iniciado pela própria paciente há três meses. Após descartar outros fatores possivelmente desencadeadores do quadro, confirmou-se a hipótese de NIA induzida por IBP. O tratamento inicial com suspensão do Pantoprazol e suporte clinico não resultou em melhora da função renal. Dessa forma, optou-se pela realização de biópsia renal que concluiu nefrite crônica túbulo-intersticial com discreta/moderada fibrose e proporcional atrofia tubular. Após confirmação do diagnóstico, realizada pulsoterapia com glicocorticoide e boa evolução clinico-laboratorial.
Conclusão: Polifarmácia e automedicação estão relacionadas ao aumento na incidência de NIA. O diagnóstico definitivo é feito por biópsia renal, cuja indicação deve ser criteriosa. A maioria dos pacientes apresenta melhora clínica e laboratorial em 3 a 7 dias após suspensão do potencial agente causal. Ademais, a terapia imunossupressora não é consenso na literatura e foi utilizada pela ausência de resposta às medidas iniciais
Nefrite intersticial aguda, insuficiência renal aguda, inibidor de bomba de prótons
Clínica Médica
Hospital Semper - Minas Gerais - Brasil
INGRID DA COSTA MATIAS, LUIZA OLIVEIRA DOS SANTOS, RAQUEL DOMINGOS DA COSTA, WANESSA TORRES BERNARDES, LEANDRO DE CASTRO BAHIA ALVARENGA SOARES