Análise da assistência à saúde do idoso
O Brasil está em processo de transição demográfica com aumento significativo da população idosa. Essa longevidade traz maior incidência e prevalência de doenças crônicas e múltiplas as quais exigem atenção contínua.
Caracterizar os atendimentos aos pacientes com mais de 60 anos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), analisando as principais queixas e correlacionando com a rede de assistência não hospitalar.
Utilizou-se como base as ocorrências atendidas em 2015 pelo SAMU regional de Pelotas, Rio Grande do sul, Brasil. Foi realizado uma análise retrospectiva descritiva e observacional por meio de dados do sistema de informações tracking and recognizing users in the environment (TRUE). As variáveis foram os atendimentos clínicos com ênfase na idade e na patologia.
Em 2015, o SAMU realizou 8.325 atendimentos clínicos dos quais 65,3% (N: 5442) incluíam pacientes idosos. Entre as chamadas de causa não específica (N: 1307), 55,4% (N: 724) foram por síncope e 42,6% (N: 438) para atendimento de paciente acamado. Nas causas cardiológicas (N: 1353), 27,6% (N: 373,4) correspondiam à angina e 24,75% (N: 334,8) infarto agudo do miocárdio; já nas pneumológicas (N: 1292), 57,2% (N: 739) dispneia à esclarecer. Na parte neurológica (N: 1490) destaca-se o Acidente Vascular Cerebral com 59,8% (N: 891).
Percebe-se que há centralização do atendimento do idoso no ambiente hospitalar principalmente por complicações de doenças de base, sugerindo carência de assistência antes desses desfechos. Primeiramente, questiona-se se os programas de assistência específicos para esse público estão cumprindo suas propostas. A seguir, lembra-se a importância de questões socioeconômicas; afinal, são fatores contribuintes para essa problemática a dependência de familiares, o descaso da família, as limitações físicas, o desconhecimento da complexidade de seus diagnósticos, os problemas financeiros, a não compreensão da forma de uso de medicações ou, até mesmo, desinteresse nas orientações e acompanhamento. Por fim, destaca-se que tal assunto merece ênfase, pois é necessário incentivar a conquista da senescência e não da senilidade.
Clínica Médica
Universidade Católica de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil
Leonardo Jaeger Bellinaso, Mateus Luís Riedi, Evelise Carla Genesini, Achilles Gentillini Neto, Gustavo Valente