Linfoma gástrico de zona marginal extranodal (Linfoma MALT) revelando imunofenótipo B (CD20+) e índice de proliferação celular de 10% em paciente negativo para Helicobacter pylori - Um relato de caso
O linfoma MALT é a terceira forma mais comum de Linfoma não Hodgkin (LNH). Cerca de 95% dos linfomas MALT gástricos estão associados à infecção por H. pylori, porém os que não estão geralmente apresentam t(11;18) que costuma resultar na ativação de NF-κB, que atua como fator de sobrevida celular.
Este trabalho ilustra o relato de um caso clínico de Linfoma Extranodal do tipo MALT cuja apresentação se desenvolveu na ausência de H. pylori.
GL, 42, masculino, procedente de Martinópolis (SP), comparece em clínica de Gastroenterologia, com queixa de disfagia. Foi solicitado uma Endoscopia Digestiva Alta (EDA) e medicado com Pantoprazol 40 mg. Evoluiu com melhora do quadro, porém retornou com achados na EDA que elucidou erosões planas hiperêmicas no fundo e corpo gástrico. O anátomo-patológico revelou mucosa de padrão oxíntico apresentando densos infiltrados linfoides alojados na lâmina própria das camadas foveolar e glandular. Sendo negativa ao H. pylori. A imuno-histoquímica do material constatou a presença de infiltrado linfoide cujo padrão foi compatível com Linfoma da Zona Marginal Extranodal (Linfoma MALT) com imunofenótipo B (CD20+) e índice de proliferação celular de 10%. O paciente foi encaminhado para o serviço de oncologia de um município no interior do Oeste Paulista para radioterapia, mantendo seguimento ambulatorial. A imuno-histoquímica do material colhido da medula óssea (MO) corroborou ausência de infiltração por linfoma. Nova EDA foi procedida após radioterapia, o que apresentou área irregular de coloração esbranquiçada com cerca de 4 cm de diâmetro. Foi sucedido estudo anátomo-patológico de MO, após tratamento radioterápico, evidenciando infiltrado medular intersticial inconspícuo por pequenos linfócitos cuja imuno-histoquímica desvelou imunofenótipo T (CD3+), esparsos e raros linfócitos B (CD20+), de permeio, sendo compatíveis de MO com citotoxicidade pós-radioterapia, não havendo infiltração de linfoma.
Foi efetuada a última EDA, o que constatou extensa cicatriz de neoplasia previa de fundo gástrico. Não houve evidências de malignidade no material e a pesquisa pelo H. pylori permaneceu negativa.
O prognóstico da maioria dos pacientes com linfoma MALT possui taxa de sobrevida após 5 anos de 75%. A avaliação inicial do paciente com linfoma MALT deve incluir anamnese e exame físico minuciosos. Ambos irão ajudar a confirmar o diagnóstico e permitir a escolha do tratamento adequado.
Linfoma, Linfoma não Hodgkin, Neoplasias Gástricas, Endoscopia
Clínica Médica
Universidade do Oeste Paulista - São Paulo - Brasil
Henrique Victor Ruani, Guilherme Stabile, Fernando Spinosa Sesti