ATENDIMENTO ANTIRRÁBICO NO SETOR DE EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL ESCOLA DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL: UM PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
Introdução: A raiva exige do médico uma atenção especial devido a sua letalidade. Mesmo em áreas de baixo risco é importante garantir a assistência integral e a adoção de medidas de prevenção primária e secundária.
Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico das notificações dos atendimentos antirrábicos realizados em um hospital escola do interior do Rio Grande do Sul (RS).
Métodos: Estudo retrospectivo, descritivo, transversal e observacional de 169 fichas de atendimento antirrábico humano, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, preenchidas pelo setor de emergência do Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul – RS, no ano de 2016
Resultados: Do total de atendimentos, 91,1% foram por mordedura. As regiões afetadas foram mãos e pés (45,6%), membro superior (29%) e membro inferior (27,2%). A apresentação como ferimento único foi de 69,2%. Quanto a gravidade, os ferimentos foram definidos como: superficiais (57,4%), profundos (37,3%) ou dilacerantes (8,3%). Os cães foram a espécie mais agressora (85,2%). A condição do animal após a avalição do veterinário, para fins de conduta do tratamento profilático, foi sadia em 67,5% dos casos. Em 81,1% dos atendimentos o animal era passível de observação. Quanto ao tratamento indicado verificou-se: observação do animal (56,8%), observação e vacina (20,7%), somente vacina (17,2%), soro e vacina (3,6%) e casos que dispensaram tratamento (0,6%). Em relação a condição final do animal após o período de observação, 78,1% apresentaram clínica negativa para raiva, 12,4% foram sacrificados ou não diagnosticados, 0,6% com resultados laboratoriais negativos para raiva e em 8,3% a condição foi ignorada. A falta de aderência ao tratamento foi de 33,1%. Em 55,6% dos casos não apresentavam tal conduta descrita.
Conclusões: Os resultados demonstram uma uniformidade característica deste tipo de atendimento. Há uma predominância de um animal agressor doméstico, bem como do local e do tipo de lesão esperados, especialmente, considerando-se o tamanho de tais animais. Em uma zona de baixa prevalência de raiva em animais domésticos a conduta de observação foi a prevalente e aceitável como padrão. Desta forma, pode-se afirmar que o modelo adotado está de acordo com os protocolos que possibilitam condutas mais restritivas, porém intervencionistas do sistema veterinário. Tal modelo demonstra a importância da atividade integrada dos serviços primário e terciário, otimizando insumos, custos e evitando eventos adversos com medicamentos.
Palavras-chave: Raiva, Antirrábico, Perfil Epidemiológico, Conduta.
Clínica Médica
Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC - Rio Grande do Sul - Brasil
Matheus Pedro Strapasson, Lara de Matos, Fernando Antônio Guth Johnson, Walter Jorge Bravo Cassales Filho, Marcelo Carneiro