RELATO DE CASO: LARVA MIGRANS PALMAR
Fundamentação/Introdução:
A larva migrans cutânea ou helmintíase migrante, popularmente conhecida como “bicho geográfico”, é uma dermatose parasitária típica dos países tropicais e subtropicais.
A doença é causada por ancilostomídeos (Ancylostoma braziliensis ou A. caninum) que parasitam o intestino de cães e gatos, considerados hospedeiros definitivos do parasita. Os animais parasitados eliminam os ovos pelas fezes. Em condições adequadas de temperatura e umidade ambiental, os ovos se desenvolvem a larvas filariformes que podem penetrar na epiderme ou nos folículos pilosos destes animais e atingem por via hematogênica os pulmões e o trato gastrointestinal, completando assim o seu ciclo. O homem é um hospedeiro acidental ao ser infectado pelo contato com o solo contaminado com fezes de animais contendo as larvas filariformes.
As larvas penetram por via cutânea e, com um período de incubação de 2 a 10 dias, começam a migrar tangenciando a epiderme sem capacidade de invadir corrente sanguínea.
A penetração percutânea acidental e a subsequente migração das larvas do parasita causam lesões cutâneas pápulo-eritematosas e prurido intenso. Como o parasita não consegue completar seu ciclo biológico, continua migrando na pele, formando um rastro serpiginoso correspondente ao trajeto realizado pela larva.
Objetivos:
Relatar a apresentação clínica larva migrans cutânea em localização incomum, demonstrando a importância do diagnóstico clínico através da anamnese detalhada e da identificação do padrão de apresentação desta parasitose.
Descrição do caso:
Paciente do sexo feminino, de 66 anos, profissional de saúde, apresentando pápulas eritematosas de aspecto alongado e uma única pequena vesícula no final de um trajeto serpiginoso em região palmar direita, intensamente pruriginosas. O aparecimento das lesões ocorreu dias antes da realização do exame dermatológico. Na anamnese dirigida, foi relatado contato direto com terra em atividade de jardinagem recente, numa área habitada por animal doméstico.
Com impressão diagnóstica de larva migrans, foi prescrito tratamento com ivermectina oral em dose única, com excelente resultado terapêutico.
Conclusões/Considerações finais:
O diagnóstico de larva migrans cutânea é clínico, baseado no histórico de exposição ao solo ou areia contaminados e na observação do trajeto serpiginoso com prurido associado. Ressalta-se também a importância epidemiológica nesse contexto, havendo maior incidência em países tropicais e subtropicais.
Larva migrans palmar, Doenças parasitárias, Dermatologia
Clínica Médica
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Lionete Gall Acosta Filha, Jeane Oliveira da Silva, Beatriz Moritiz Trope, José Marcos Cunha