LONGA PERMANÊNCIA HOSPITALAR E A DIFÍCIL IMPLANTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE CASO
No mundo atual, mais de 70% dos óbitos ocorrem nos hospitais, mais especificamente nas unidades de terapia intensiva (UTI), sendo muitas vezes decorrentes de internações prolongadas. E esse prolongamento da vida, constantemente sem nenhum benefício, proporciona maior sofrimento para o paciente, sua família e equipe assistente, uma vez que a morte deixa de ser reconhecida como um fenômeno natural e passa a ser vivenciada como fracasso, tornando a equipe médica, família e paciente seres impotentes.
Descrever as estratégias e benefícios da implementação de cuidados paliativos em pacientes assistidos em terapia intensiva.
Estudo observacional do tipo relato de caso
Descrição do caso:
Trata-se de INM, 87 anos, sexo feminino, que apresentou quadro de ICC descompensada e DPOC exacerbado em 21/08/2016 e evoluiu em três dias com insuficiência respiratória aguda (IRA), necessitando de intubação orotraqueal e antibioticoterapia. Foi transferida para a UTI de um hospital em Belo Horizonte. Foi traqueostomizada no dia 22/09/2016 e depois teve alta da UTI. Cursou com outra sepse em enfermaria evoluindo com IRA e broncoespasmo de difícil manejo, o que resultou ao retorno a ventilação mecânica em UTI. Após estabilização do quadro, recebeu alta para enfermaria em 11/11/2016 em uso de BIBAP. Paciente, alerta e lúcida, relata que gostaria de ir para a própria residência. Em 03/12/2016 inicia piora do padrão respiratório e função renal. Em 20/12/201 iniciado conversa com a família sobre cuidados paliativos e definido em acordo com equipe médica e familiares suporte não invasivo, com ênfase em conforto. Em 25/12/2017 paciente foi a óbito na UTI após 112 dias de internação.
Para que a dor e o sofrimento no processo de morrer sejam minimizados, tem se tornado uma necessidade a implantação de protocolos de cuidados paliativos nas UTIs, para que não ocorra algum grau de distanasia. Trata-se de cuidados prestados ao paciente crítico em estado terminal, quando a cura é inatingível. O objetivo é o bem estar do paciente, permitindo-lhe conforto e uma morte digna. Um dos componentes chaves desse processo é o aprimoramento da comunicação entre o médico, paciente e a família. Utilizar medidas desnecessárias ao fim da vida fere os princípios fundamentais da ética médica, assim cabe ao médico tomar decisões que causem o menor sofrimento ao paciente.
Terminalidade, Cuidados Paliativos, Terapia Intensiva
Clínica Médica
Hospital Evangélico de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
Icaro Wiermann Braga, Daniella Cristina Brites Almeida, Fabiana Rocha Brito, Priscilla Delchova Brito , Sylvia Aparecida Dias Turani