MENINGITE POR CRIPTOCOCCUS NEOFORMANS EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO
Criptococose é uma doença fúngica sistêmica causada por leveduras do gênero Cryptococcus. O Cryptococcus Gatti está presente, geralmente, em hospedeiros imunocompetentes e o Cryptococcus neorformans, em imunocomprometidos.
Os sítios mais comuns de acometimento são pulmonar, através da inalação de propágulos do fungo, e sistema nervoso central, devido ao neurotropismo do agente às meninges.
Na forma central, as manifestações são atribuídas à meningoencefalite de curso subagudo a crônico, com cefaleia, náuseas, vômitos e confusão mental. Complicações incluem hipertensão intracraniana, alterações visuais e auditivas.
Atentar para o diagnóstico de meningite criptocóccica ao descrever um caso de infecção por C. neoformans em paciente imunocompetente.
Relato desenvolvido por investigação clinica e revisão literária.
I.S, 47 anos, masculino, morador do Rio de Janeiro, guia de ecoturismo, história de cefaleia frontal e occipital com piora progressiva ao longo de dois meses evoluindo com desorientação, agitação psicomotora e diplopia.
À admissão, apresentava sinais de hipertensão intracraniana (cefaleia, edema de papila e paralisia do sexto par craniano bilateralmente) e não possuía sinais de déficit focal e irritação meníngea. Sorologia para HIV negativa.
Ressonância magnética mostrou sinal hiperintenso no espaço subaracnóide de alguns sulcos corticais de lobos frontais e parietais e discreto aumento na intensidade de sinal da cabeça do núcleo caudado e região anterior do putâmen à direita, nas ponderações T2/FLAIR.
Punção lombar: líquor límpido e incolor, leucócitos 85p/mm³, hemácias 138p/mm³, proteínas totais 79mg/dL, glicose 43mg/dL, Tinta Nanquim positivo, Látex C. neoformans positivo, pressão de abertura 42cmH2O e pressão final 25cmH2O.
Iniciado tratamento com anfotericina B e fluconazol e punções lombares seriadas, tendo evoluído com melhora dos sinais de hipertensão intracraniana. Paciente transferido para serviço de Infectologia, onde permanece em tratamento.
A meningite criptocóccica, apesar de ser associada à imunodepressão, pode ocorrer em HIV negativos, nos quais predominam as formas pulmonares. Porém, na prática, devido ao subdiagnóstico das formas respiratórias no Brasil, cerca de 90% dos casos diagnosticados são de meningoencefalite, cujo prognóstico é pior.
É preciso considerar o diagnóstico de tal patologia mesmo em pacientes imunocompetentes, evitando, portanto, a evolução desfavorável do quadro, como a presença de sequelas.
Meningite; HIV; Criptococcus neoformans
Clínica Médica
Hospital Municipal Miguel Couto - Rio de Janeiro - Brasil
Amanda Saavedra Calé da Costa, Renata de Freitas Fachada, Aniello Montuori Filho, Letícia Pádua Lauande, Larissa Peixoto Rangel Rodrigues