Manejo clïnico em um caso de Síndrome do intestino curto
Fundamentação/Introdução: A Síndrome do Intestino Curto (SIC) acarreta redução da capacidade absortiva e digestiva, tendo como uma das principais causas as ressecções intestinais que podem cursar com a confecção de uma ostomia. O tratamento visa o controle de complicações e suporte nutricional adequado, existindo, para tanto, diferentes propostas terapêuticas.
Objetivos: Demonstrar desafios advindos do surgimento da Síndrome do Intestino Curto bem como a possibilidade de manejo terapêutico com um tempo mais prolongado de nutrição parenteral.
Delineamento/Métodos: Trata-se de um relato de caso
Descrição do caso: P.C.S.M., feminino, 45 anos, do lar, hipertensa, obesa grau I, dislipidêmica, antecedente de acidente vascular encefálico isquêmico e neoplasia de cólon direito. Devido à evolução desta neoplasia e complicações do tratamento foi submetida a três intervenções cirúrgicas acarretando, ao final, jejunostomia terminal com aproximadamente 1 metro de intestino delgado remanescente. Dá entrada no pronto-socorro pela primeira vez, no final de 2016, com aumento do débito de ostomia, hipocalemia e hipomagnesemia sintomáticas, recebendo alta após estabilização do quadro e normalização dos níveis de eletrólitos. Três meses após, necessitou de nova internação por lesão renal aguda e hipercalemia. Foi instituída, então, terapia constipante com Loperamida, Dimeticona, Carbonato de Cálcio e Racecadotrila , além de nutrição parenteral contínua por 73 dias e reposição hidroeletrolítica. Neste momento, houve estabilização clínica e “status” cirúrgico adequado para realizar reconstrução do trânsito intestinal. Teve alta hospitalar assintomática com alimentação via oral, função renal basal e intestino funcionante, sem necessidade de medicações constipantes ou reposição eletrolítica domiciliar.
Conclusão/Considerações finais: A escolha pelo suporte nutricional parenteral prolongado, diferentemente do indicado em diversos textos na literatura, deveu-se à sintomatologia apresentada e dificuldade de controle do débito da ostomia, complicações que apresentaram melhora expressiva com a introdução de nutrição parenteral. Diante do perfil muito variável dos pacientes com SIC, o manejo desta condição permanece um desafio, devendo a abordagem ser individualizada, com recursos farmacológicos e nutricionais para compensação clínica e prevenção de novas complicações até o término da fase adaptativa intestinal.
Palavras-chaves: Síndrome do Intestino Curto, Nutrição parenteral, jejunostomia,
Clínica Médica
Hospital de Força Aérea de São Paulo - São Paulo - Brasil
Adolpho Alexander Letizio da Silva, Mayara de Almeida Rodrigues da Costa