PERICARDITE E LESÃO RENAL COMO MANIFESTAÇÕES DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: RELATO DE CASO.
Introdução: A pericardite é a inflamação do pericárdio que pode ser desencadeada por diversos mecanismos patológicos, a exemplo das infecções virais, tuberculose, uremia, doenças reumáticas e colagenoses. No grupo das colagenoses a pericardite lúpica representa a principal manifestação cardíaca do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), apresentando como sinais e sintomas a dor aguda e continuada que melhora quando inclina o tórax para frente e se irradia para ombro esquerdo e pescoço, além de febre, tosse seca e dispneia.
Objetivo: Apresentar a principal manifestação cardíaca do LES.
Relato de caso:
B.S.F, 19 anos, sexo feminino, foi admitida em hospital de João Pessoa-PB, dor torácica, em pontada, que melhora em ortopneia, associada à dispneia aos mínimos esforços, dispneia paroxística noturna e tosse seca há uma semana. Historia de nefrolitíase, infecção hepática há 2 meses. Usa anticoncepcional e bebe socialmente. Ao avaliar os sinais vitais da paciente, foi constatado Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e foi solicitado um Ecocardiograma. O Ecocardiogrma evidenciou imagem sugestiva de pericárdio hiperrefringente, indicando possível pericardite. Dentre as hipóteses diagnósticas, foi levantado a possibilidade de LES, então foi solicitado dosagem dos autoanticorpos anti-núcleo (FAN), o qual foi reagente. Foi iniciado pulsoterapia com metilprednisolona e solicitaram exames para função renal. A terapia instituída foi ineficaz e a paciente evoluiu com nefrite lúpica grave, decidiram alterar o esquema terapêutico para ciclofosfamida (esquema EUROLUPUS), prednisona e reuquinol, além de anti-hipertensivos. A paciente evoluiu bem e encontra-se assintomática e com HAS controlada.
Conclusão: O LES afeta de 40 a 150 em cada 100.000 pessoas, 10 vezes mais mulheres do que homens. Muito embora os rins ainda sejam os órgãos mais estudados na doença, com o surgimento da lesão renal, já se sabe que o coração também pode ser seriamente lesionado nesta condição e, como visto no caso, na forma de pericardite, podendo contribuir de forma igualmente significativa para a morbidade e mortalidade da doença. A maioria das pessoas com lúpus pode ter vida normal, mas a doença deve ser cuidadosamente monitorada e o tratamento ajustado como necessário para prevenir complicações sérias.
Clínica Médica
Hospital Municipal Santa Isabel - Paraíba - Brasil
Gilvandro Assis Abrantes Leite Filho, Matheus Marques Paulo Neto, Maria Clara Pires D'Oliveira, Laís Henriques de Oliveira, Maria Alenita de Oliveira