Síndrome de Miller Fisher pós vacina Influenza
A síndrome de Miller Fisher é a variante mais comum do Guillain-Barré, correspondendo à cerca 90% dos casos. É considerada uma desordem rara, possui caráter progressivo e trata-se de uma polineuropatia desmielinizante aguda, caracterizada por oftalmoplegia ou oftalmoparesia, ataxia de marcha e arreflexia. Contudo, existem variações dessa tríade clínica como disfagia e acometimento de pares cranianos, sendo o nervo facial o mais acometido. Em 75 % dos casos é precedida de infecções do trato respiratório ou gastrointestinal, porém há raros relatos de casos após vacinação, sobretudo contra da Influenza.
Descrever um caso de síndrome de Miller Fisher pós vacina Influenza.
Estudo descritivo constando de relato de caso e revisão de literatura nas bases de dados eletrônicas.
Feminina, 30 anos, iniciou quadro de alodínia térmica e tátil associada à ataxia da marcha. Esse quadro teve início com oftalmoparesia e fraqueza muscular distal dos membros superiores e inferiores com evolução progressiva durante quatorze dias. Relato de vacinação para H1N1 uma semana antes do evento inicial, sem histórico de infecção respiratória ou do trato gastrointestinal. Durante a internação houve aparecimento de disartria, paralisia facial e disfagia. Foi iniciada terapêutica com imunoglobulina venosa com melhora clínica parcial. Após alta hospital paciente apresentou rash eritematoso pruriginoso disseminado que foi atribuído a efeito adverso ao uso da imunoglobulina e tratado sintomaticamente com anti-histamínicos que regrediu em uma semana sem deixar sequelas. A evolução de foi favorável, com regressão completa da paralisia facial após três meses do início do quadro clínico.
Considerando o quadro clínico de ataxia, arreflexia e oftalmoparesia, a hipótese de síndrome de Miller Fisher foi levantada e corroborada pelo estudo do líquido cefalorraquidiano que mostrou dissociação proteíno-citológica. Os exames laboratoriais de rotina estavam normais. As sorologias para o vírus Epstein-Barr, vírus da imunodeficiência humana, citomegalovírus, PCR para Zika além de pesquisa negativa para Campylobacter spp nas fezes foram negativas. A pesquisa de anticorpos anti-GQ1b não pode ser realizada. A tomografia computadorizada de crânio e a ressonância magnética cerebral não evidenciaram anormalidades. O que ficou elucidado como um quadro de síndrome Miller Fisher reacional após vacina Influenza.
Síndrome de Guillain-Barré, síndrome de Miller Fisher, vacina Influenza, reação vacinal.
Clínica Médica
Danielle Ferreira Chagas, Carla Alves Rabelo, Glícia Campanharo Malheiros, Ianne Montes Duarte, Vinícius Alves Rabelo