CONDUTA NA ARTERIOPATIA CEREBRAL FOCAL INFANTIL EM VIGÊNCIA DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO AGUDO: UM RELATO DE CASO.
Aproximadamente 60% das crianças previamente saudáveis quando diagnosticadas com acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico agudo têm graus de estenose em artérias cerebrais. Excluindo algumas causas conhecidas de arteriopatia, muitas têm estenose focal de causa desconhecida, sendo diagnosticadas com arteriopatia cerebral focal (ACF) infantil. Além de se desconhecer sua etiologia, mais encoberta ainda está a terapêutica eficaz para seu combate.
Evidenciar a necessidade de maior estudo em relação a trombólise em menores de 18 anos com ACF, que ainda estariam na janela terapêutica para trombolítico na vigência de um AVE isquêmico agudo se fossem adultos.
Relato de caso qualitativo e retrospectivo, elaborado por revisão do prontuário de paciente pediátrico atendido em hospital de alta complexidade de Maringá, considerando preceitos bioéticos de sigilo profissional e autorização do responsável legal pelo paciente.
Paciente de sexo masculino, 14 anos, apresentou quadro de hemiplegia completa e hipoestesia (ambas acometendo lado direito), pupilas anisocóricas e afasia mista(sensitiva e motora) associada a sonolência. Realizou-se uma tomografia computadorizada (TC) de crânio sem contraste de urgência, que excluiu AVE hemorrágico. Após exame clinico neurológico (escala de NIH StrokeScale com valor 16), interpretação de exames laboratoriais e de imagem foi contraindicado trombólise (pela idade do paciente) e iniciada terapia com ácido acetilsalicílico (AAS) 100mg/dia. Realizou-se uma angiografia cerebral, que identificou alterações parietais das artérias carótida interna e cerebral media esquerdas e oclusão da artéria temporal anterior esquerda. No dia seguinte, o paciente apresentava hemiplegia à direita, melhora da hipoestesia, isocoria pupilar, disartria e sonolência. Foi realizada ressonância magnética do encéfalo e encontrada isquemia frontal, parietal e de núcleos da base esquerda, sem sinal de transformação hemorrágica. No mesmo dia, confirmou-se o diagnóstico da patologia como arteriopatia focal da criança. Apesar de toda a extensão da lesão, o paciente apresentou uma melhora dos sintomas, tendo alta apenas com quadro de hemiplegia completa à direita.
Conclui-se que ainda não há nenhuma conduta padronizada em relação a se realizar ou não a trombólise em pacientes pediátricos com ACF que ainda estariam na janela terapêutica para trombolítico na vigência de um AVE isquêmico agudo. Sendo assim, mais estudos se fazem necessários.
AVE; Isquêmico; Infantil; Trombólise; Antiagregação
Clínica Médica
Mateus Ribeiro Kanamura, Marjorie Pavese Ferreira, Marcio Ronaldo Siva