Cardiomiopatia hipertrófica como diagnóstico diferencial de hipertrofia ventricular secundária
A HAS não controlada pode levar a diversas alterações na estrutura do miocárdio, na irrigação coronariana e no sistema de condução do eixo elétrico cardíaco. Além disso pode causar hipertrofia ventricular esquerda, que é um fator de risco relevante para a morbimortalidade cardiovascular. Em vigência dessa situação, deve-se considerar a cardiomiopatia hipertrófica e como diagnóstico diferencial, cujo os achados clínicos são compatíveis com disfunção diastólica e que pode progredir para insuficiência cardíaca.
Evidenciar a semelhança entre a cardiomiopatia hipertrófica e à hipertrofia ventricular secundária
Mulher de 58 anos, tabagista, com diagnóstico de HAS há 20 anos e DM-2 há 5, em tratamento irregular. Refere há 2 anos quadro de dor retroesternal em aperto, irradiada para membros superiores, sob moderados esforços, associado a episódios de tontura, turvação visual, ortopneia e palpitação. Há 20 dias apresentou síncope, desencadeado por estresse e atividade doméstica. Nega outros sintomas ou queixas. De antecedentes: morte súbita de mãe e irmão.
Ao exame, presença de SS 2+/6+ em focos pulmonar, aórtico acessório e tricúspide. Sem outros achados dignos de nota. Medicações domiciliares: losartana, carvedilol, atenolol, hidroclorotiazida e glicazida. Apresenta Eco prévio que demonstra hipertrofia concêntrica de VE, e em ECG nota-se isquemia de paredes anterior e lateral, e sobrecarga ventricular esquerda, sem desvio de eixo. RX de tórax com aumento da área cardíaca. Lipidograma e glicemia alterados em exames laboratoriais.
Observa-se no caso uma paciente hipertensa de longa data e sem adesão ao tratamento, sendo a causa sugestiva do remodelamento ventricular visualizado em Eco; resultando em hipertrofia ventricular do tipo concêntrica. Esse tipo de alteração estrutural propicia os sintomas semelhantes ao da cardiomiopatia hipertrófica, cuja hipótese é corroborada pelo histórico de morte súbita familiar. Entretanto, devido ao padrão de hipertrofia e à longa data da HAS, considerou-se essa última hipótese a mais provável. É fundamental reconhecer e diferenciar as duas condições e o início precoce do tratamento, de modo a cessar o remodelamento cardíaco - visto que esse grupo de pacientes apresentam risco maior de eventos cardiovasculares, além de reduzir a sobrecarga cardíaca e aumentar sua performance. As drogas de escolha para essa paciente incluem IECA, beta-bloqueadores e bloqueadores do canal de cálcio
HAS, cardiomiopatia hipertrófica, hipertrofia ventricular
Clínica Médica
Universidade de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Julio Cezar Gonçalves Santos Cordeiro, Lucas Greggianin Frizon, Isabela Brant Moraes Palmeirão Alvarenga Brant