14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Hemorragia Digestiva Alta em testemunhas de Jeová, um relato de caso.

Fundamentação/Introdução

A hemorragia digestiva alta em pacientes testemunhas de Jeová é um verdadeiro desafio clinico, afinal, para o paciente, sua ideologia se sobrepõe ao tratamento de primeira escolha. Tal situação gera um dilema ético, principalmente quando existe risco de vida, momento em que o uso de hemoderivados é de extrema importância para prognóstico favorável. Têm-se uma situação, em que, por um lado o médico deve assegurar o dever da beneficência, em contrapartida, deve-se, também, assegurar-lhe o direito à autonomia. (Jonsen AR, 1986).

Objetivos

Relatar o caso de um paciente testemunha de Jeová, com suspeita de hemorragia digestiva alta secundária a anticoagulante, demonstrando o desafio clínico que constitui o tratamento de um paciente que possui princípios deontológicos e ético-jurídicos que se sobrepõe à sua necessidade terapêutica.

Delineamento/Métodos

Paciente, ZJM, 60 anos, masculino, portador de fibrilação atrial crônica e megaesôfago chagásico, previamente assintomático, foi admitido na unidade de emergência com história de mal estar e vertigem iniciado às 12:00 horas do mesmo dia, evoluindo às 21:00 horas com lipotimia, sudorese e episódios de melena em grande monta. Nega febre, náuseas, vômitos e dor abdominal. Faz uso de marevan 2,5 mg e amiodarona 200 mg. Relata episódio semelhante associado ao uso de marevan em março e dezembro de 2016. Ao exame laboratorial sua hemoglobina de 4,3g/dL despertava a preocupação do plantonista. Nesse momento, o paciente apresentava-se ao exame físico descorado +++/IV, levemente taquipneico, Tensão Arterial 108 x 79 mmHg, sob noradrenalina concentrada a 10 ml/hora. Paciente evoluiu com piora dos níveis hematiméticos, porém recusou administração de hemoderivados. A despeito de plena ciência da gravidade do quadro e risco de morte seguiu sob uso de droga vasoativa para controle pressórico.

Resultados

Apesar de não ter sido realizado a transfusão de hemoderivados, o paciente evoluiu após 14 dias de internação, com melhora dos índices hematimétricos e estabilidade hemodinâmica, recebendo alta.

Conclusões/Considerações finais

O caso relatado traz à luz a discussão da importância das vias alternativas do tratamento de escolha para hemorragias digestivas, nesse caso, a transfusão de hemoderivados. Vale ressaltar que o paciente em questão apesar de apresentar risco de vida, obteve um desfecho favorável sob tratamento conservador, dessa forma, o profissional soube respeitar a autonomia do paciente sem ferir o princípio da beneficiência.

Palavras Chaves

Hemorragia digestiva alta;Testemunha de Jéova

Área

Clínica Médica

Autores

Jamille De Araújo Cardoso, Jéssica Aparecida Azevedo Salvador, Monique Brito Azevedo, Maria Ellen Araújo Castro, Zenilton Lima Guimarães