SINUSITE FUNGICA COM NECROSE E FISTULIZAÇÃO DE PALATO EM PACIENTE DIABÉTICO.
A sinusite é uma afecção frequente do trato respiratório, com prevalência de aproximadamente 14% da população. Quando de etiologia fúngica, é considerada rara. É complexa, possuindo diversos esquemas de classificação, sendo os principais patógenos Aspergillus sp., Fusarium sp., Candida sp., e Alternatia sp.. O tratamento é individualizado para cada agente causador e acometimento.
Descrever um caso de SF com necrose e fistulização no palato e chamar a atenção para casos possivelmente subdiagnosticados.
Revisão de prontuário e anamnese.
J.A.C.C., masculino, 63 anos, etilista, diabético e DPOCítico. Comparece ao nosso serviço, com história de “lesão em céu da boca há 3 meses”. Foi internado em facultativo devido à celulite periorbitáoria e pneumnia, sendo tratado por 44 dias com antibioticoterapia de largo espectro. Na internação identificou-se lesão displásica suspeita em cavidade oral. Foi transferido para nosso serviço para melhor elucidação do quadro. Ao exame físico, edema periorbitário a direita, lesão esbranquiçada em palato com fístula para cavidade nasal de odor fétido. A biópsia da lesão de palato evidenciou mucosa e epitélio Malpighiano com processo inflamatório agudo gangrenoso associado à infecção fúngica. Foi prescrito fluconazol, thioctacid e citoneurin por 3 meses e formoterol. Após término do tratamento, paciente retorna com piora do quadro, evoluindo com dificuldade de ingesta alimentar, diminuição da acuidade visual e auditiva e lesão ungueal em mãos. A tomografia computadorizada de face mostrou sinais de prováveis fraturas, lise óssea difusa e espessamento mucoso de seios esfenoidal direito e frontais. A pesquisa de fungos revelou hifas fúngicas permeando o tecido e no interior de vasos. Paciente foi encaminhado para avaliação de desbridamento cirúrgico e exodontia.
A SF afeta geralmente pacientes imunodeprimidos. Um aspecto radiológico encontrado nas sinusites fúngicas é a erosão das paredes, que não é provocada pela invasão óssea do fungo, mas pela expansão do processo inflamatório crônico. O diagnóstico definitivo é estabelecido pelo aparecimento do fungo em meio especial. O tratamento é sempre cirúrgico. A complementação terapêutica pós-cirúgica, utiliza corticóide e antifúngicos. Visto que a SF é uma doença rara, necessitando de maior suspeita, para que diminua os casos subdiagnosticados e tenham assim, um melhor direcionamento no tratamento
Clínica Médica
Universidade de Uberaba - Minas Gerais - Brasil
Ana Thalissa Vilela Carvalho, Aline Evans Ferreira, Pollyana Rodrigues Margato, Thais Aparecida Teodoro, Julieta Isabel Triana Cansino