PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DOS PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM ACOMPANHAMENTO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE CANOAS
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença de grande relevância na atualidade em virtude de sua elevada prevalência e morbimortalidade.
Avaliar o perfil sociodemográfico e laboratorial de pacientes portadores de DM2 atendidos num hospital terciário da região metropolitana de Porto Alegre.
Estudo transversal realizado com pacientes portadores de DM2, conforme os critérios da American Diabetes Association, maiores de 18 anos, tratados no ambulatório de Endocrinologia e no setor de internação clínica do Hospital Universitário de Canoas.
Foram avaliados 96 pacientes, com média de idade de 52±12 anos, a maioria composta de mulheres (59%, n=57), brancos (76%, n=73), com média de IMC de 27±6 kg/m². Cerca de 46% dos pacientes eram tabagistas ou ex-tabagistas. A escolaridade média foi de 6,4±3,2 anos de estudo e a renda média per capita foi de R$1135,5±595,3 reais. O número médio de medicações diárias por paciente foi de 5,9 ± 2,5, sendo que 71% (n =69) deles faziam uso de cinco ou mais medicações por dia. A maioria dos pacientes era portadora de hipertensão arterial sistêmica (87%, n=80) e estava em tratamento farmacológico. A duração média do DM2 foi de 11,5±6,5 anos. Em relação às complicações da doença, 52% apresentava complicações microvasculares: 21% retinopatia diabética, 32% neuropatia diabética e 14% doença renal do diabetes, sendo que 22% apresentavam mais de uma destas complicações. Quanto às complicações macrovasculares, 16% relataram infarto do miocárdio prévio e 7,6% relataram acidente vascular cerebral prévio. Em relação ao tratamento farmacológico, 52% estava em tratamento oral para o DM2, enquanto 41% em tratamento combinado (terapia oral + insulina) e 7% apenas insulinoterapia. A média da glicemia de jejum foi de 172,4 ± 74,5 mg/dl e da hemoglobina glicada de 7,9 ± 1,9%.
Com base nos resultados encontrados, podemos concluir que a maioria dos pacientes portadores de DM2 atendidos no hospital universitário de Canoas é composta por mulheres, brancos, com sobrepeso, baixa escolaridade e com renda mensal pouco superior a um salário-mínimo. Ademais, a grande maioria dos pacientes apresentava complicações crônicas do DM2, fazendo uso de múltiplas medicações diariamente para controle da doença. Ainda, grande parte dos pacientes encontrava-se com um controle glicêmico acima dos níveis desejados.
Clínica Médica
Camila Vicenzi, Milene Moehlecke, Paulo Ramos Filho