RELATO DE CASO: HIDROTÓRAX DE REPETIÇÃO EM PACIENTE COM CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA
Introdução: Cirrose Biliar Primária (CBP) é uma doença caracterizada pela destruição crônica granulomatosa auto-imune. Prevalente no sexo feminino e em meados dos 50 anos de idade. O Hidrotórax é complicação em hepatopatas rara e de difícil reversão com o manejo clínico. A paciente do relato apresenta CBP com hidrotórax.
Objetivo: Descrever caso de hidrotórax de repetição em paciente com CBP no serviço de gastroclinica hospitalar aguardando colocação de TIPS.
Relato de caso: Paciente feminina, branca, 62 anos, natural e procedente de Campo Grande – MS. Nega comorbidades, etilismo e tabagismo. Não há histórico familiar de doenças autoimunes ou hepatobiliares. Paciente abriu acidentalmente caso com exame ultrassonografico abdominal de rotina evidenciando alteração de parênquima hepático sendo então investigada. Portadora de CBP desde 2014 apresentando dosagem para anti-mitocôndria positiva, sorologias negativas Hepatite C e B; alfa fetoproteína: 2,5; EDA 11/2014: varizes de médio calibre e gastropatia congestiva moderada. 09/2015: varizes de groso calibre e gastrite erosiva moderada; 06/2017: varizes esofágicas ligadura elástica e pangastrite enantematosa moderada com componente erosivo leve em antro. Internada para avaliação de possibilidade de realização de TIPS por quadro de cirrose hepática descompensada, varizes de esôfago de grosso calibre e hidrotórax à direita refratário a diversas toracocenteses de alívio, e no momento da admissão dispneia em repouso e icterícia. Negou outras sintomas. Toracocenteses de alivio com liquido de aspecto sanguinolento com grade retiradas. Exame físico: REG, BEN, AAA, hidratada, ictérica 3+/4+, afebril; Ap resp: MV abolido em hemitórax direito, SatO2 95% em AA; ACV: BNRNF 2T SS; Abdome: RHA +, globoso, flácido, indolor à palpação, ausência de VCM; piparoti negativo; Glasgow 15, pupilas isofoto; Extremidades: sem déficits neurológicos, mobilidade preservada, sem edema, perfusão periférica preservada.
Paciente permanece internada em unidade hospitalar com taquipneia sem sinais de esforço respiratório com realizações de toracocentese intermitentes, em uso regular de Ácido Ursodesoxicólico (AU), aguarda TIPS.
Conclusão: Os sintomas da doença podem ser controlados com AU, o que tem sido feito no caso da paciente. Porém, nas complicações como o hidrotórax refratarios o tratamento definitivo é o transplante hepático. O TIPS é opção terapêutica temporária e de baixo risco e que vem mostrando boa alternativa.
Clínica Médica
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO MARIA APARECIDA PEDROSSIAN - UFMS - Mato Grosso do Sul - Brasil
Franciellen Neves Flavio, Beatriz Longo Bortoletto, Gil Gouveia Hans Carvalho