Título

RELATO DE CASO: Endocardite por Streptococcos do grupo A sem vegetação valvar

Fundamentação/Introdução

A endocardite bacteriana é uma entidade com incidênca entre 3 a 9 casos por 100 habitantes em países industrializados e o seu diagnóstico configura, anda hoje, um desafio. A anamnese detalhada, o exame físico minucioso e o uso dos critérios de Duke modificados são essenciais no diagnóstico, principalmente quando o exame de imagem não apresenta lesões clássicas.

Objetivos

Destacar a importância do exame físico juntamente com o uso dos critérios de Duke modificados nos pacientes com suspeita de endocardite bacteriana.

Delineamento/Métodos

R.R.M, masculino, 42 anos, pedreiro, hipertenso. Iniciou quadro de mialgia generalizada, febre, dor abdominal difusa, dor retro-orbitraria e diarreia e plaquetopenia. Internado com diagnostico de Dengue e liberado com sintomáticos. Compareceu à consulta médica 5 dias após alta onde foi observado hipotensão (80x40mmhg) e dor torácica em queimação. Optado pela internação na Santa Casa de Belo Horizonte com suspeita de síndrome coronariana aguda. Apresentou fibrilação atrial ao eletrocardiograma sem elevação de marcadores de necrose miocárdica. Ao exame físico foi constatado petéquias em pontas dos dedos da mão e língua e sopro cardíaco holossistólico em foco aórtico. Evoluiu com febre diária e vários episódios de dor precordial atípica. Coletadas 5 amostras de hemocultura em 3 momentos diferentes, com pelo menos 12 horas de diferença entre as coletas. Ecocardiograma transesofágico evidenciou sinais de espessamento leve junto as bases das cúspides da valva aórtica, sem visualização de vegetações. Hemoculturas com crescimentos de Streptococcos com 3 patogenos atípicos diferentes: Primeira coleta: S. anginosas, S. pyogenes, S. pyogenes. Segunda coleta: S. gordonii. Terceira coleta: S. gordonii Realizado diagnostico de endocardite bacteriana de acordo com critérios de Duke modificado. Preenchendo 1 critério maior (hemoculturas com patógenos de pele persistentemente positivas e 3 menores(febre, fenômenos vasculares – manchas de janeway e ecocardiográfico com lesões sugestivas que não preenchem critério maiores). Iniciado Ampicilina e Gentamicina endovenoso.

Resultados

Paciente evoluiu afebril com melhora clinica e laboratorial.

Conclusões/Considerações finais

A ausência de vegetação valvar não deve limitar a suspeição de endocardite bacteriana. Os critérios de Duke modificados apresentam sensibilidade de cerca de 80% sendo hoje a principal ferramenta recomendada para o diagnóstico e devendo ser aplicados ainda que a apresentação da doença seja atípica.

Palavras Chaves

Endocardite, bacteriana, Duke, vegetação, valvar, febre prolongada, S. pyogenes, S. gordonii

Área

Clínica Médica