Panorama de Hepatites Virais por classificação etiológica segundo faixa etária e fonte de infecção no estado de Minas Gerais
As hepatites virais (HV) são doenças com tropismo pelo tecido hepático que apresentam importantes particularidades e constituem um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A fim de reduzir suas incidências ou até mesmo erradicar tais infecções, é importante conhecer a população para a qual as alterações seriam direcionadas. Para tanto, deve-se considerar os aspectos epidemiológicos desse conjunto de patologias no estado escolhido, incluindo não só a prevalência segundo faixa etária, mas também suas principais fontes de infecção.
Expor os dados epidemiológicos das hepatites virais, segundo classificação etiológica, faixa etária e fonte de infecção no estado de Minas Gerais (MG).
Trata-se de um estudo transversal retrospectivo realizado através da análise minuciosa de dados através da plataforma DATASUS relacionados ao agente etiológico e a faixa etária dos pacientes infectados por hepatite no período de 2010-2015 em MG.
Somaram-se 10.536 casos de HV no período de 2010-2015 em MG, detendo a posição de sexto maior estado no país. A hepatite C (VHC) responde pela maioria dos pacientes (39%), hepatite B (VHB) em seguida (35%). A primeira acomete principalmente indivíduos entre 40-59 anos (63,89%), e é adquirida por uso de drogas injetáveis (34%), transfusões inadequadas (28%) ou relações sexuais desprotegidas (26%); somente 1% dos casos ocorreu por via vertical ou domiciliar. Já a segunda tem maior prevalência entre 20-39 anos (48,53%), e tem a via sexual como principal fonte infecciosa (62%). Apesar de VHB e VHC serem classicamente associadas à transmissão via sexual, a hepatite A (VHA) apresentou 20% de seus casos provenientes nesse tipo de transmissão; porém a fonte domiciliar é o principal mecanismo de contaminação por VHA (67%), o qual acomete especialmente crianças de 5-9 anos (28,8%).
Apesar de as hepatites serem, muitas vezes, agrupadas como doença única, elas são entidades distintas quanto à etiologia, epidemiologia, evolução, prognóstico e profilaxia. Em MG, há o destaque para a fonte de infecção pelo VHC na faixa etária 40-59 anos, sendo esta considerada tardia quanto à prática de drogas injetáveis, constituindo um viés importante de prevenção. Além disso, é importante evidenciar o meio sexual como atuante nas infecções por VHA, tornando-se relevante o foco na atuação primária em educação sexual no estado.
Hepatite/epidemiologia; Hepatite viral humana; Transmissão.
Clínica Médica
Lívia Liberata Barbosa Bandeira, Camylla Santos Souza, Danielle Reis Marques, Giovanna Alves Peruzini, João David Souza Neto