Atendimento de pacientes com síndrome coronariana aguda: registro do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)
O sucesso terapêutico no infarto agudo do miocárdio com supra-desnível do segmento ST (IAMCSST) é maior quanto antes o tratamento adequado for iniciado e o fluxo coronariano restituído. Esse tratamento é influenciado por diversos fatores: a agilidade e a eficiência dos mecanismos reguladores, além da procura imediata de atendimento pelo paciente.
Avaliar o perfil epidemiológico e de atendimento dos pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) atendidos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Estudo retrospectivo, observacional, em que foram revisados os prontuários dos pacientes atendidos no HCPA entre março de 2015 e março de 2016 com registro de IAMCSST, infarto agudo do miocárdio sem supra-desnível do segmento ST (IAMSSST) e angina instável.
No período, foram atendidos no HCPA 344 pacientes com SCA. A idade média foi de 62.4±11.9 anos. Entre esses pacientes, 64.45% eram do sexo masculino e 89.6% eram brancos. No que se refere as comorbidades prévias, 64.16% eram hipertensos, 32.66% diabéticos, 18.5% possuíam história prévia de IAM e 10.4% de AVC. Na chegada ao hospital, 226 (65.7%) apresentavam IAMCSST, 105 (30%) IAMSSST e 13 (3.7%) angina instável. Do total, 9.8% dos pacientes foram encaminhados ao HCPA após atendimento inicial em outros hospitais. Dos 226 pacientes com IAMCSST, 180 (79,6%) foram considerados candidatos à reperfusão por angioplastia primária (ACTP) ou trombolíticos na chegada ao HCPA, e 20% já chegaram sem janela para cateterismo. Desses, 26.6% eram da região metropolitana. Considerando todos os pacientes com IAMCSST, a ACTP foi realizada em 174 pacientes (96.6%) dos pacientes e a terapia com trombolíticos em 6 pacientes (3.33%).
Observou-se baixa adesão ao uso de trombolíticos para o tratamento do IAMCSST, muito provavelmente devido aos eventos adversos relacionados ao seu uso. Com isso, inúmeros pacientes, principalmente os transferidos, perderam a oportunidade de ter o tempo total de isquemia diminuído, aumentando a chance de complicações como maior tempo de hibernação miocárdica, maior área isquêmica e insuficiência cardíaca. Assim, para o maior benefício do paciente, cabem estudos que possam encontrar e testar modos de melhorar a rede de atendimento ao infarto em Porto Alegre, assim como testar a viabilidade de se implantar formas alternativas de diminuir o tempo total de isquemia, como o uso da terapia fármaco invasiva.
Clínica Médica
Comitê Gestor, Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS) - Rio Grande do Sul - Brasil, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Serviço de Cardiologia - Rio Grande do Sul - Brasil, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Serviço de Hemodinâmica - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Rio Grande do Sul - Brasil
Adriano Heemann Pereira Neto, Luiza Benetti Fracasso, Guilherme Pinheiro Machado, Gabriel Sartori Pacini, Carisi Anne Polanczyk