Infarto Esplênico em Paciente com Fibrilação Atrial Paroxística Sustentada. Relato de Caso
Fibrilação atrial ( FA) é uma arritmia cardíaca comum em pacientes idosos e suas complicações incluem eventos tromboembólicos. Este relato justifica-se por ser o infarto esplênico, secundário à FA, uma entidade rara, cuja gravidade está associada a um incremento na morbimortalidade desses pacientes, além de não existir na literatura um manuseio consensual.
O objetivo deste estudo foi relatar o caso de um paciente portador de FA paroxística sustentada, complicada com infarto esplênico.
Paciente do sexo masculino, 65 anos, branco, aposentado, natural e procedente de Sete Lagoas, hipertenso , diabético e coronariopata com passado de infarto agudo do miocárdio e angioplastia. Internado com dor no hipocôndrio e flanco esquerdo de forte intensidade que iniciou há quatro dias. No momento da admissão o paciente apresentava-se em bom estado geral, lúcido, orientado e coerente, com mucosas úmidas e coradas, afebril, anictérico e acianótico, normotenso (120/70 mmHg), eupnéico (18 mrpm); na ausculta cardíaca apresentava ritmo regular, dois tempos, com bulhas hipofonéticas, sem sopro; na ausculta pulmonar sons pulmonares presente, sem ruídos adventícios ; membros inferiores sem edema, pulsos tibiais posteriores e pediosos palpáveis e simétricos; sem turgência jugular. Abdômen: ruídos hidroaéreos presentes, timpânico à percussão, baço não palpável, espaço de Traube livre, doloroso à palpação superficial e profunda de hipocôndrio e flanco esquerdo.
O paciente permaneceu internado por 10 dias sendo submetido a exames complementares (ecocardiograma transtorácico, holter 24 h, ECG e revisão laboratorial). Tomografia de abdômen revelou área hipoatenuante de limites parcialmente definidos, em formato de cunha, sem realce pelo contraste, em terço médio/ inferior do baço, compatível com isquemia esplênica. O diagnóstico final foi infarto esplênico por FA paroxística, com prescrição de terapia anticoagulante, com boa resposta ao tratamento clínico conservador, sem complicações.
Diante do exposto, qualquer paciente com FA que se apresente com dor no quadrante superior esquerdo do abdômen não pode ter descartado a hipótese diagnóstica de infarto esplênico e de suas complicações. O infarto esplênico é uma doença escassamente revisada na literatura, necessitando de diagnóstico e tratamento precoce para prevenção de complicações e possível evolução para esplenectomia.
Infarto esplênico ; Fibrilação atrial ; Tratamento clínico
Clínica Médica
HOSPITAL MADRE TERESA - Minas Gerais - Brasil
EDER FREDERICO ANDRADE DA SILVA, ISABELA LAGE PIMENTA, KAIO CEZAR GOMES PESSIM, ROVENA CAMPANA TARDIN, MOACIR ANDRADE GONÇALVES