Avaliação do atendimento ao paciente com doença cardíaca pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Porto Alegre
O transporte de pacientes com doenças cardiológicas pelo Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) tem representado uma parcela cada vez maior no total dos transportes. Dada à gravidade, o contato médico precoce diminui a mortalidade e leva a tratamentos mais eficazes aos pacientes. Contudo, no Brasil, onde há falhas no sistema, esse pronto atendimento fica comprometido.
Analisar a efetividade do atendimento do SAMU aos pacientes com doença cardíaca em Porto Alegre.
Estudo observacional, retrospectivo, através de análises de bancos de dados do Serviço de urgência do SAMU Porto Alegre, onde foram analisados dados clínicos, demográficos, eletrocardiográficos e os encaminhamentos hospitalares de todos os pacientes com queixas cardiológicas atendidos pelo SAMU Porto Alegre no período de março de 2015 a setembro de 2016.
No período, 4018 pacientes com manifestações de doença cardíaca foram atendidos. Do total, 751 (18,6%) foram classificados como severos. A maioria dos pacientes, 1382 (34%) foram atendidos por angina, 800 (19,9%) foram devido à crise hipertensiva, 639 (16,9%) por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Houve 233 (5,7%) paradas cardiorrespiratórias e 4 óbitos de provável causa cardíaca. A idade média foi de 61,8±16 anos. Em 2230 (55,5%) casos, os pacientes eram mulheres. Quanto ao transporte, 892 (22,2%) foram atendidos pelo suporte avançado e 3054 (76%) pelo básico. Ao todo 1961 (48,5%) pacientes foram enviados a Unidades de Pronto Atendimento e 1695 (42,1%) para hospitais terciários, onde 678 (90%) dos paciemtes classificados como severos foram encaminhados. Referente ao chamado, 2945 (73,3%) casos foram feitos por indivíduos da população em geral.
Nota-se a importância dos atendimentos cardiológicos dentro do serviço médico de urgência, com total de atendimentos diferente do existente na literatura, mostrando que cada regiao possui uma especificidade quanto a distribuição das suas doencas. O percentual de valores de atendimentos mais comuns provavelmente é reduzido, pois esses são feitos por procura espontânea. Somente casos mais graves usam o atendimento de urgência, sendo encaminhados a hospitais de alta complexidade, mostrando que o serviço básico pode estar sendo efetivo. Contudo, as ambulâncias básicas atendem muitos pacientes graves, possivelmente pela falta de efetivo médico do SAMU Porto Alegre. Necessita-se novos estudos que mapeiem a rede de atendimentos do SAMU para melhorar a atenção dada aos doentes.
Clínica Médica
Adriano Heemann Pereira Neto, Gabriel Sartori Pacini, Luiza Benetti Fracasso, Dinorá Claudia Cenci, Carisi Anne Polanczyk