DIABETES INSÍPIDO CENTRAL ASSOCIADO À NEUROAIDS: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: Diabete insípido (DI) é uma síndrome clínica caracterizada por disfunção da concentração da urina, urina hipotônica e aumento do diurese. Pode ser central (por deficiência na síntese do ADH) ou nefrogênico (resistência à sua ação nos túbulos renais). Causada por trauma, tumores, doenças vasculares, inflamatórias e infecciosas (neurotuberculose, neurotoxoplasmose e meningites). Condição rara - prevalência de 1:25 mil pessoas, distribuição igual entre os sexos. Não há relatos sobre prevalência da associação neuroAIDS + DI.
OBJETIVO: Descrever caso de paciente com neuroAIDS + DI diagnosticado e conduzido pela unidade de terapia intensiva (UTI) de hospital universitário.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 30 anos, admitido em UTI com rebaixamento de nível de consciência (RNC) e febre não aferida há 7 dias evoluindo com intubação orotraqueal (IOT) por RNC. Usuário de drogas ilícitas, abertura de caso para HIV. Exame físico: mau estado geral, desnutrido, desidratado, sob sedoanalgesia, em uso de drogas vasoativas altas doses e IOT com altos parâmetros ventilatórios. Exames complementares: hipernatremia, hipocalemia; TC de crânio: hipodensidade em núcleos da base à direita com discreta captação de contraste anelar; líquor sugestivo de tuberculose e sífilis reagente. Iniciado tratamento para neurotoxoplasmose, neurossífilis e neurotuberculose. Evoluiu com poliúria (>6000ml/dia) e hipernatremia (185mEq/L), osmolaridade sérica efetiva em torno de 352. Iniciado desmopressina empiricamente com ajuste de dose diária de acordo com natremia e diurese, com queda gradativa dos valores de sódio e normalização após 6 dias de evolução.
Evoluiu com mau prognóstico neurológico, permanece acamado, irresponsivo a comandos e quaisquer estímulos, sem progressão de desmame ventilatório.
CONCLUSÕES: Diabetes insípido é uma doença rara com diagnóstico clínico que causa poliúria e polidipsia, ocasionada por lesão hipofisária que pode cursar com complicações graves, como dano cerebral irreversível e morte. Testes de restrição hídrica e diferenciação da causa (se neurogênica ou nefrogênica) devem ser realizados, bem como tratamento contínuo com desmopressina, análogo do ADH com maior tempo de ação e potência antidiurética. São necessárias séries de casos para elucidação da melhor abordagem aos pacientes com diabetes insipidus secundária a neuroaids com sobreposição de acometimento neurológico.
neurotuberculose; HIV; neuroAIDS; diabetes insipido;
Clínica Médica
Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian - UFMS - Mato Grosso do Sul - Brasil
Beatriz Longo Bortoletto, Cathelíjne Silva Cintra, Fernanda Longo Bortoletto, Franciellen Neves Flavio, Gil Gouveia Hans Carvalho