Pneumonia Adquirida na Comunidade e Tromboembolismo venoso: Uma associação à ser pensada
Tromboembolismo venoso (TEV) é a terceira doença cardiovascular mais comum, antecedido por doença aterosclerótica coronariana e acidente vascular encefálico (AVE). Estudos prévios identificaram idade avançada, obesidade, trauma, câncer e processo inflamatório agudo, como alguns dos fatores de risco. Tais processos inflamatórios podem induzir reações inflamatórias locais ou sistêmicas, afetar a função das células endoteliais e subsequentemente causar danos à parede vascular e formação de trombos. Na pneumonia, a lesão vascular causa efeitos diretos nas células alveolares: inflamação persistente resulta na deposição excessiva de fibrina e ativação da cascata de coagulação, induzindo assim a ocorrência de eventos tromboembólicos.
Estabelecer a relação entre embolia pulmonar e infecção pulmonar e a importância do diagnóstico precoce.
Relato de caso
Paciente M.M.M.S, 25 anos, admitido no Hospital Luxemburgo em 20/07 para investigação de dispneia, taquicardia e mal-estar geral. Tratado previamente para pneumonia no Hospital Margarida (João Monlevade) com ceftriaxona e claritromicina por 6 dias por sintomas respiratórios nas duas semanas anteriores e imagem radiológica presumidamente nova em ambas as bases pulmonares. Aventada ainda a possibilidade de Influenza por H1N1, sendo associado Tamiflu ao esquema medicamentoso. Ao fim do tratamento apresentou melhora parcial do quadro. Realizado angiotomografia (AngioTC) de tórax, que evidenciou tromboembolia pulmonar (TEP) segmentar bilateral; gasometria arterial: Ph: 7,43; Pco2: 34,6; Po2: 49,7; HCO3: 22,6; SatO2: 81%. Iniciada anticoagulação, com melhora do quadro. Propedêutica para coagulopatias em andamento.
TEP comumente leva à disfunção pulmonar e, em alguns casos, insuficiência respiratória. Como suas manifestações clínicas são pouco específicas, com frequência os casos de TEP são confundidos com outras doenças ou até mesmo não diagnosticados. A mortalidade estimada da embolia pulmonar atinge valores entre 25-30% se não tratadas; entretanto, uma vez diagnosticado e tratado em tempo hábil, a mortalidade é reduzida para 3-8%. Assim sendo, podemos concluir que o diagnóstico realizado no “timing” da doença é definitivamente um fator de grande impacto no desfecho clínico do paciente sob nossos cuidados.
Embolia pulmonar, pneumonia, trombose venosa, infecção
Clínica Médica
ANDRESSA VIEIRA BENEDICTO, FABRICIO DE SOUZA BRAGA, FLAVIA DA CRUZ CARDOSO, HENRIQUE KRUGER CALVÃO, VITOR FURTADO MACEDO