Perfil epidemiológico e clínico-laboratorial dos pacientes com infecção por Chikungunya Virus
Introdução: A febre Chikungunya é uma arbovirose, a qual tem como agente etiológico o Chikungunya virus (CHIKV), cuja descoberta data dos anos 50. Em 2014, foram relatados os primeiros casos autóctones no Brasil, mostrando-se um desafio emergente e diagnóstico diferencial de síndromes febris tropicais.
Objetivo: Analisar o contexto epidemiológico e as características clínico-laboratoriais dos pacientes com infecção por CHIKV.
Métodos: Estudo transversal e descritivo retrospectivo elaborado a partir da revisão de prontuários médicos obtidos no Centro de Referência de Doenças Imunoinfecciosas em Campos dos Goytacazes, RJ. Foram incluídos pacientes atendidos de janeiro de 2016 a julho de 2017 e com diagnóstico sorológico confirmado para CHIKV. Avaliaram-se as variáveis: temporal, espacial, demográfica, sinais/sintomas, hemograma e aminotransferases oxalacética (AST) e pirúvica (ALT). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética.
Resultados: Confirmaram-se 67 casos da doença, dos quais 38 referentes ao ano de 2016, com maior prevalência nos meses de março e abril, e 29 casos em 2017, predominantes em janeiro e março. No total, 24 bairros foram afetados. A doença predominou na faixa etária de 40-59 anos com 33 casos (49,2%), seguido por ≥60 anos, com 22 casos (32,8%), e no sexo feminino (80,6%). O primeiro atendimento ocorreu em 52,2% dos casos na fase aguda da doença. Artralgia foi o sintoma mais freqüente (95,5%), seguido de febre (71,6%) e mialgia (56,7%). Outros sintomas referidos foram cefaleia (38,8%), edema articular (35,8), exantema (32,8%), náusea (23,9%) e dor em membros inferiores (20,9%). Dentre as manifestações atípicas, parestesia foi relatada por 7,46%. A análise laboratorial durante a fase aguda evidenciou leucopenia em 58,3 %, plaquetopenia em 22,2%, redução dos níveis de hematócrito em 38,9%, enquanto 58,3% e 77,8% não tiveram alterações de AST e ALT, respectivamente.
Conclusão: A Chikungunya acomete majoritariamente pacientes do sexo feminino, com mais de 40 anos, sendo artralgia o sintoma mais prevalente. Embora possa ocorrer subnotificação dos casos, pode-se inferir que no município, ainda, não é considerada endêmica, como na dengue. Dentre as alterações laboratoriais, leucopenia e aumento de transaminases são as mais comuns. Devido ao contexto atual, é essencial aprimorar os estudos para entender como essa doença pode evoluir na população, de forma a auxiliar na conduta e contribuir para medidas de enfrentamento desta arbovirose.
Palavra-chave: Chikungunya, Epidemiologia, Manifestação clínica e laboratorial
Clínica Médica
Lynna Paula Sentinelli, Marcelle Sousa Lacerda, Fernanda Santos Azevedo, Luiz José de Souza