Hipertensão Arterial Sistêmica Secundária: A Importância do Hiperaldosteronismo Primário como Diagnóstico Diferencial
O hiperaldosteronismo primário (HAP) é uma situação clínica decorrente de produção inapropriadamente elevada de aldosterona, resultando em hipertensão de difícil controle e, em um pequeno percentual dos casos, hipocalemia. É classicamente causado por adenoma adrenal e hiperplasia uni ou bilateral e responde por parte dos casos de hipertensão secundária.
Relatar caso de hiperaldosteronismo primário por adenoma suprarrenal bilateral e seu desfecho clínico.
Paciente de 48 anos, sexo feminino, com queixa de hipertensão há 5 anos refratária a esquemas anti-hipertensivos. Associado ao quadro, relata astenia, fraqueza muscular e cãibras frequentes. Sem comorbidades prévias. Exame físico normal, exceto hipertensão 150x86 mmHg. Achados laboratoriais: atividade de renina plasmática 0,1ng/mL/H; aldosterona 92,9 ng/dL; potássio 2,5 mEq/L.
Achados radiológicos à tomografia de abdome com contraste: dois nódulos hipodensos, com realce pós-contraste nas fases arterial e portal e wash out na fase de equilíbrio, medindo 25x21mm na haste lateral da glândula suprarrenal direita e 16x8 mm no corpo da suprarrenal esquerda. Optado por conduta clínica com espironolactona 100 mg/dia, com involução completa do quadro e normalização dos níveis de pressão arterial e de potássio.
Estima-se que entre 22,3% a 43,9% da população brasileira tenha hipertensão arterial (HA) – número com tendência crescente, devido ao envelhecimento populacional. A HA secundária tem prevalência de 3-5%, sendo o HAP prevalente em 6,1% dos hipertensos. Embora seja uma etiologia menos comum de hipertensão, o HAP deve ser sempre pesquisado em casos de difícil controle e hipocalemia espontânea ou causada por baixas doses de diuréticos. O diagnóstico precoce diminui o risco cardiovascular, podendo a cura ser alcançada em um percentual substancial de pacientes hipertensos. Cerca de 9-37% dos pacientes cursam com hipocalemia no HAP, com maior chance de ocorrência nos casos de diagnóstico tardio - compatível com o presente relato. Ao diagnóstico sindrômico, deve-se prosseguir com diferenciação em adenoma e hiperplasia, uma vez que a conduta é distinta. Em casos com doença renal bilateral ou em que o tratamento cirúrgico não esteja indicado, o tratamento clínico com antagonista da aldosterona é recomendado.
Hiperaldosteronismo primário; hipertensão arterial secundária; síndrome de Conn; adenoma suprarrenal.
Clínica Médica
Universidade de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Isabella Brant de Moraes Palmeirão Alvarenga, Lucas Frizon Greggianin, Julio Cezar Gonçalves Cordeiro dos Santos, Amanda Silva Peres, João Carlos Geber Júnior