CIRCUNFERÊNCIA CERVICAL COMO INDICADOR DE RISCO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM REMANESCENTES DE QUILOMBOS NO ESTADO DE SERGIPE
Introdução: Os remanescentes de quilombos são frequentemente acometidos por doenças cardiovasculares (DCV), e mais precisamente pela hipertensão arterial sistêmica (HAS), associado com o sobrepeso e obesidade. Nesse contexto, a circunferência cervical (CC) surge como parâmetro promissor para avaliação do risco DCV.
Objetivos: Avaliar a CC como um parâmetro preditivo da hipertensão arterial sistêmica em indivíduos remanescentes de quilombos.
Métodos: Trata-se de estudo transversal, quantitativo, realizado com 72 indivíduos residentes em comunidades quilombolas do município de Capela denominadas de Pirangy, Canta Galo e Terra Dura, localizadas no estado de Sergipe, região nordeste do Brasil. Foram coletados dados através da aferição da pressão arterial sistêmica de forma sistemática e seguindo a preconização da Sociedade Brasileira de Hipertensão (2016). Foi mensurado a CC, logo abaixo da cartilagem tireóidea, e estabelecidos como limites numéricos para circunferência elevada os valores ≥ 39,0 cm e ≥ 35,0 cm para homens e mulheres, respectivamente. Para análise dos dados, foi utilizado o programa estatístico Stata, versão 14. Os dados foram apresentados em porcentagens e desvio padrão (DP). Os critérios de inclusão foram pessoas cadastradas como quilombolas residentes das comunidades de Capela, com idade > 18 anos. Os critérios de exclusão: Pessoas não cadastradas como quilombolas, membros superiores amputados, bócio e gestantes.
Resultados: A média de idades nas três comunidades variou de 56,5% - 34,22% - 41,64% (DP:18,31, DP:14,35, DP:14,33). Em relação à pressão arterial, foi identificado que o sexo feminino representou 54,55% dos hipertensos e os homens 45,5%. A média da pressão arterial sistólica foi 136,86% - 123,17% - 121,37% e da pressão arterial diastólica 84,1% - 79,61% e 77,48% de cada comunidade supracitada respectivamente. A média da circunferência cervical foi de 36% - 34,68% - 36,37% para as comunidades, apresentando 55% de maior risco cardiovascular o sexo feminino, destas, 40% já são hipertensas. Percebe-se que a elevação da CC está diretamente relacionado com o desencadeamento da HAS, que é uma das doenças cardiovasculares.
Conclusões: O presente estudo apresentou valores não elevados para hipertensão e valores significamente elevados para a circunferência cervical. Desta forma, o sexo feminino tem uma maior predisposição para as doenças cardiovasculares, e pode ser agravado quando o percentual de gordura corpórea for elevado.
Avaliação nutricional; Doenças Cardiovasculares; Grupo com Ancestrais do Continente Africano.
Clínica Médica
Louise Náder Santos Silva, Beatriz Costa Todt, Deyse Mirelle Souza Santos, Cristiane Costa Cunha Oliveira, Marcos Antonio Almeida Santos