INTOXICAÇÃO EXOGENA POR ESTRICNINA: UM DESAFIO NO PRONTO SOCORRO
Intoxicação exógena aguda representa aproximadamente 5-10% dos atendimentos nos serviços de emergências e mais de 5% das internações hospitalares. Os casos mais significativos em adultos são por tentativa de suicídio, e o modo de intoxicação é por via oral. O estudo apresenta um relato de caso de intoxicação por “chumbinho” especificamente por estricnina, um alcaloide derivado da árvore Strychnos nux-vomic que tem como mecanismo de ação, aumentar a excitabilidade neuronal e ocasionar arcos reflexos exagerados que levam à contração muscular, semelhante à convulsão. O objetivo do trabalho é reconhecer sinais e sintomas clínicos da intoxicação por estricnina e como abordar esses pacientes no pronto socorro.
M.R, paciente do sexo masculino, 63 anos de idade, foi encontrado em domicílio desacordado, sudoreico e cianótico, após ingerir meio vidro de “chumbinho”. Foi socorrido pelo SAMU, quando entrou em parada cardiorrespiratória em AESP. Foram realizados intubação orotraqueal e 2 ciclos de ressuscitação cardiopulmonar com retorno da circulação espontânea, aplicadas 10 ampolas de atropina devido suspeita de uma síndrome colinérgica por organofosforados, sem melhora clínica. Paciente foi encaminhado para o HUSF. No momento da admissão hospitalar, o paciente estava em mal estado geral com pupilas mióticas, apresentava miofasciculações em todo corpo, rigidez muscular aos estímulos sonoros, luminosos e ao toque, trismo, cianose periférica e central, frequência cardíaca de 120 batimentos por minutos, pressão arterial de 110x70mmhg, ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Nos exames laboratoriais, foi observado aumento da CPK (creatino-fosfoquinase) e acidose metabólica na gasometria arterial. Devido ao quadro clínico sugestivo de intoxicação por estricnina foi realizado tratamento com bloqueador neuromuscular e hidratação com melhora importante do quadro.
RELATO DE CASO
RELATO DE CASO
DISCUSSÃO – A importância de identificar o paciente vítima de intoxicação exógena aguda é fundamental para o manejo correto no pronto socorro. Além disso, é necessário conhecer as principais drogas e agentes usados rotineiramente na tentativa de suicídio. No caso relatado, saber as substâncias encontradas no “chumbinho”, especificamente a estricnina e o seu mecanismo de ação, foi essencial para o reconhecimento e o tratamento do paciente.
intoxicação exógena; estricnina; raticida.
Clínica Médica
HOSPITAL UNIVERSITARIO SAO FRANCISCO - São Paulo - Brasil
BEATRIZ RUGGIERO ATIHE, ISABELA LIMA PINHEIRO, GEORGIA TERRA LUSTRE DI FLORA, VANESSA GONZALES MESTRE, GUSTAVO PIGNATARI ROSAS MAMPRIN