Trombose de veia esplenomesentérica superior em adolescente: Um Relato de Caso
A ocorrência de trombose venosa em locais incomuns é rara e representa um desafio clínico devido aos sintomas pouco específicos, potencial de gravidade e ausência de evidências estatisticamente significativas, oriundas de ensaios clínicos para traçar um plano terapêutico adequado.
Relatar caso clínico de uma adolescente com diagnóstico de trombose de veia esplenomesentérica superior (TVMS) de etiologia a esclarecer e discutir a necessidade de investigação de trombofilias nessa patologia.
Paciente feminina, 17 anos, sem comorbidades, comparece a
emergência com dor abdominal em quadrantes inferiores de intensidade progressiva e
constipação, sem melhora após uso de sintomáticos. EF: abdome distentido, doloroso difusamente a palpação, sem irritação peritoneal. Fígado e baço palpáveis. Exames: leucócitos 29000, PCR 400, US com líquido livre e distensão de alças, TC de abdome e pelve com contraste: falha de enchimento hipodensa no interior da junção esplenomesentérica, estendendo-se para a veia mesentérica superior. Espessamento do mesentério com borramento dos planos adiposos no hipocôndrio/ flanco esquerdo. Veias hepáticas e veia cava inferior hipocontrastadas. Fígado: 20,8 cm. Moderado quantidade de líquido livre na cavidade abdominal. Devido ao diagnóstico de TVMS foi iniciada anticoagulação imediatamente após o diagnóstico. Após a anticoagulação, a paciente evoluiu de forma favorável com resolução dos sintomas e melhora das alterações laboratoriais. Para esclarecer a etiologia da trombose venosa foi dosado C3 95, C4 59, anti-trombina III 52%, anticoagulante lúpico positivo fraco, B2 glicoproteína negativa.
De acordo com a literatura médica, o diagnóstico da TVMS é difícil e subestimado devido à sintomatologia vaga. Em outros dois relatos de casos de TVMS, as pacientes também apresentaram manifestações clínicas inespecíficas, principalmente dor abdominal, sendo firmado o diagnóstico por TC de abdome. Além disso, poucos estudos avaliaram o papel da trombofilia em pacientes com TVMS, justificando o tratamento com anticoagulantes apenas em pacientes sintomáticos.
Após o reconhecimento da patologia da TVMS, é necessário tranquilizar o paciente, reforçar os benefícios da anticoagulação e evitar supervalorizar a propedêutica para trombofilia. Por se tratar de casos raros e com possibilidades terapêuticas acessíveis, a discussão se torna relevante.
trombose venosa
trombofilia
Veia mesenterica superior
Clínica Médica
Hospital Odilon Bherens - Minas Gerais - Brasil, UFMG - Minas Gerais - Brasil, UFOP - Minas Gerais - Brasil
Bruna Ferraz Lima, Thiago Dutra Schaefer Martins, Soraia Aparecida Da Silva, Bruna Carvalho Oliveira, Lucas Casé Ferraz