Púrpura Trombocitopênica Idiopática na Gestação
A Púrpura Trombocitopênica Imunológica ou autoimune (PTI) se caracteriza pela produção de autoanticorpos contra proteínas da membrana plaquetária. Essas plaquetas são fagocitadas pelo sistema reticuloendotelial, cursando com trombocitopenia. Na gestação, o diagnóstico de PTI é dificultado por se tratar de causa de plaquetopenia menos comum que trombocitopenia gestacional, pré-eclâmpsia e síndrome HELLP.
Relatar um caso de PTI associada à gestação.
Estudo de caso clínico, com análise de prontuário e revisão da literatura.
Paciente C.A.S, puérpera de 2 semanas, foi atendida com quadro de sangramento espontâneo caracterizado por epistaxes e petéquias. Relata que os sintomas surgiram durante a gravidez e após o parto manteve os sangramentos espontâneos. Ao exame físico, hipocorada, bom estado geral, com níveis pressóricos de 130x60 mmHg, Fc: 89 bpm, Fr: 22 irpm. Foi realizado a investigação de PTI. Avaliação da lâmina de sangue periférico mostrou anormalidades compatíveis com microangiopatia(anemia e anisocitose moderada), e os exames laboratoriais foram compatíveis com quadro de plaquetopenia (30.000 plaq) idiopática sem outras alterações. Após diagnóstico foi instituído a corticoterapia, com Prednisona 40mg/dose/dia.
Discussão:Os sintomas e sinais da PTI são variáveis desde o paciente assintomático a instalação abrupta de sangramento cutâneo, epistaxe, gengivorragia, hematúria, sangramento em trato gastrintestinal e até em sistema nervoso central. O exame físico mostra apenas o quadro purpúrico. O diagnóstico de PTI é de exclusão, realizado pela história clínica e no exame físico, hemograma completo e esfregaço de sangue periférico. O diagnóstico é realizado quando há: presença de trombocitopenia (menos de 100.000 plaquetas) isolada, sem alterações nas outras séries do hemograma e no esfregaço de sangue periférico e ausência de outras condições clínicas que cursam com trombocitopenia. O tratamento de PTI na gestação permanece motivo de debate e inconclusivo, mas alguns autores recomendam a prednisona, salvo se houver sangramentos significativos, quando imunoglobulina humana deve ser considerada. No momento do parto, seja por via vaginal ou cesáreo, devem ser mantidas, contagens de plaquetas acima de 50.000/mm3.
Esta paciente não tolerou a dosagem imunossupressor da Prednisona sendo então reduzida de 40mg/dia para 20mg/dia com o controle clinico dos hematomas e epistaxes. Apesar de ser uma doença rara a PTI deve ser investigada como diagnóstico diferencial.
PTI, Gestação, Plaquetopenia
Clínica Médica
Tamiris Alves Menezes Bernardes, Carlisa Costa Oliveira, Jessica Lara Anjos, Guilherme Rosa Marques Gomes Melo, Milton Peres