Análise do TIMI Frame Count Corrigido após Intervenção Coronariana Percutânea Primária – Impacto do Diabetes Mellitus na reperfusão Miocárdica
O diabetes mellitus (DM) é um preditor independente de mortalidade precoce e tardia no Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). A literatura é ainda precária e pouco elucidativa sobre os mecanismos de hipoperfusão microvascular em diabéticos, mas acredita-se que este grupo de pacientes apresentem déficit na perfusão da microvasculatura após Intervenção Coronariana Percutânea Primária (ICPP), o que pode contribuir para a elevada mortalidade.
O objetivo primário do estudo foi avaliar a reperfusão miocárdica após ICPP em diabéticos e não diabéticos através da avaliação do TIMI Frame Count corrigido (TFCc).
O TFCc é um índice simples, reprodutível, objetivo e quantitativo de fluxo coronariano, que permite a padronização do grau de recanalização vascular. Quanto maior o TFC, menor o fluxo por esta artéria.
Trata-se de um estudo caso controle prospectivo, controlado, realizado no período de janeiro de 2013 a março de 2014 incluindo pacientes com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio com menos de 12 horas do início dos sintomas e submetidos à terapia de reperfusão com ICPP. Definiu-se com diabético o paciente sabidamente acometido pela doença, já que há elevação aguda dos níveis glicêmicos em decorrência de insulto isquêmico miocárdico.
Foram incluídos 201 pacientes no estudo, sendo 32 categorizados como diabéticos, e 169 como não diabéticos. Os grupos eram semelhantes quanto as médias de idade. Não houve diferença relevante entre o grau de obstrução pré ICPP das coronárias acometidas entre diabéticos e não diabéticos avaliado pelo TFCc.
Foram encontrados valores estatisticamente significativos para melhor reperfusão miocárdica em não diabéticos quando analisou-se o TIMI Frame Count corrigido menor que 40 quadros. Um TFCc menor que 40 quadros, que representa boa reperfusão, foi encontrado em 68,7% dos diabéticos e em 86,4% dos não diabéticos (p=0,017).
A reperfusão miocárdica em pacientes diabéticos foi significativamente menor do que nos pacientes não diabéticos quando utilizado o TFCc. Reafirma-se, então, que o fluxo sanguíneo na microvasculatura coronariana é pior em pacientes diabéticos, se comparados aos não diabéticos.
As alterações microvasculares relacionadas ao diabetes mellitus são a principal hipótese para o prejuízo ao fluxo sanguíneo miocárdico após ICPP nos indivíduos portadores da doença.
Diabetes Mellitus, Infarto Agudo do Miocárdio, Reperfusão Miocárdica
Clínica Médica
Hospital do Coração Padre José Linhares Ponte - Ceará - Brasil
Camila Lopes Amaral, Joaquim David Carneiro Neto